Clique e Assine VEJA SAÚDE por R$ 9,90/mês
Continua após publicidade

Criança com HIV não tem mais sinais do vírus mesmo sem remédios

Bebê sul-africano que tomou antirretrovirais só até os 10 meses já chegou aos 9 anos sem coquetel, e sem traços de HIV no sangue. Isso pode ajudar na cura?

Por Bruno Vaiano (da Superinteressante)
Atualizado em 27 jul 2017, 14h02 - Publicado em 27 jul 2017, 14h02
aids
A criança sul-africana não toma o tradicional coquetel antirretroviral - e mesmo assim não tem sinais da aids. (Foto: Deborah Maxx/SAÚDE é Vital)
Continua após publicidade

Uma criança sul-africana contraiu o vírus da aids da mãe durante a gestação. Passou por um breve período de tratamento a partir do primeiro mês de vida, e agora alcançou os nove anos de idade perfeitamente saudável. Os médicos responsáveis por acompanhá-la afirmam que essa é a primeira vez que uma vítima de transmissão vertical chega a uma idade tão avançada sem consumir o coquetel diário de remédios preventivos – a concentração de HIV em seu sangue é tão baixa que exames da laboratório não conseguiram detectá-la.

O caso, apresentado em um congresso de medicina em Paris, na França, dá novas esperanças a crianças que precisarão passar o resto da vida em tratamento regular para evitar manifestações do vírus. Os efeitos colaterais do coquetel vão de diarreia, insônia e enjoo a alterações metabólicas de longo prazo, como diabetes e mudanças nos pontos de acúmulo de gordura no corpo (lipodistrofia). Segundo a UNAIDS (programa de combate à doença das Nações Unidas), 110 mil crianças morreram por causa da AIDS em 2015, e 1,8 milhões convivem com o vírus.

A pequena sul-africana, cuja identidade não foi revelada, é acompanhada faz tempo: foi parte de um estudo sobre tratamento de HIV em crianças organizado entre 2005 e 2011. Na época, 370 recém-nascidos foram divididos em três grupos: um deles foi submetido a 40 semanas de tratamento antirretroviral (ART). O outro, a 96 semanas. O último grupo, que serviu de controle, não recebeu tratamento imediato e ficou sob observação – o que, não se assuste, era um procedimento padrão e não pôs a vida de ninguém em risco. Na época, o bebê só recebia os remédios se a quantidade de células CD4 danificadas pelo vírus superasse um determinado patamar (hoje, a criança é medicada independente dessa variável).

Ela estava no grupo de 40 semanas. O vírus entrou em remissão logo após o fim do tratamento e não se manifesta há 8 anos e 9 meses.

Continua após a publicidade

O caso, raro, só tem dois precedentes. Em 2010, uma bebê norte-americana não-identificada recebeu ART apenas 30 horas após o nascimento, e continuou o tratamento até um ano e meio de idade, quando o vírus entrou em remissão e assim ficou por 2 anos e 3 meses. Em 2015, porém, a doença voltou à ativa, e os cientistas responsáveis perderam as esperanças de criar um terapia que resolvesse o problema de vez.

Em 2015, médicos provaram que uma soro-positiva francesa de 20 anos que havia interrompido o tratamento aos 6 anos ficou saudável por todo o período (13 anos de remissão). É importante notar que nenhum desses casos é uma cura efetiva – ainda há resquícios do vírus no corpo, mas eles são inócuos.

Continua após a publicidade

“A verdadeira questão é: qual porcentagem de bebês tratados muito cedo alcançaram esses resultados? Nós não sabemos”, afirmou à CNN Anthony Fauci, médico e responsável por uma instituição que ajudou a financiar o estudo de 2005. “Sempre há um ponto fora da curva, precisamos de mais estudos para conseguir a remissão de longo prazo do HIV em bebês infectados.”

Certos indivíduos são naturalmente resistentes ao vírus, mas essa é uma predisposição genética muito incomum, e nada indica que a voluntária sul-africana seja parte desse grupo. Os pesquisadores, porém, não descartam que outras características imunológicas específicas da bebê tenham contribuído para o sucesso de seu tratamento – estudá-la com mais calma pode dar dicas valiosas sobre como o sistema imune controla a replicação do HIV – e permitir que o resultado raro seja, no futuro, possível em qualquer bebê.

“Nós estamos animados com o que aconteceu com essa criança… Precisamos extrapolar esses resultados para o benefício de outras crianças que tomam drogas antirretrovirais”, afirmou também à CNN Mark Cotton, co-autor do estudo apresentado no congresso francês e pediatra da Universidade de Stellenbosch, na África do Sul. “A África ainda é o epicentro da epidemia, e mais bebês adquirem o HIV aqui do que em qualquer outro lugar.”

Continua após a publicidade

Esta matéria foi publicada originalmente na Superinteressante.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 9,90/mês*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja Saúde impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 14,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.