A circulação de novas subvariantes da Ômicron pelo mundo, como a BQ.1 e a XBB, provocou mais uma elevação nos casos de Covid-19. Com isso, máscaras voltaram às ruas. E um estudo americano reforça a importância de medidas protetoras como essa: de acordo com ele, a cada nova reinfeção sobem os riscos de a doença ser mais grave, deixar sequelas e até mesmo levar à morte.
Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores utilizaram bancos de dados de saúde do Departamento de Assuntos de Veteranos dos Estados Unidos. Foram comparadas 443 588 pessoas infectadas pelo coronavírus uma vez, 40 947 que pegaram o vírus duas ou mais vezes e outras 5 334 729 sem histórico oficial de infecção. Os cientistas avaliaram, então, as mortes, as hospitalizações e o estado de saúde desses indivíduos antes e depois da Covid.
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Dados finais apontaram que, em comparação a quem não passou por nenhuma reinfecção, os sujeitos que enfrentaram o coronavírus mais de uma vez apresentaram um aumento no risco de hospitalização, de sequelas e morte.
Entre as sequelas descritas estavam problemas pulmonares, hematológicos, gastrointestinais, renais, musculoesqueléticos, neurológicos, mentais, além de doenças cardíacas e diabetes. E isso ocorreu independentemente do estado de vacinação, segundo o estudo.
Os próprios pesquisadores apontam que o levantamento tem limitações. Por exemplo: nesse universo, havia mais homens brancos e na faixa dos 60 anos – e pessoas na terceira idade tendem a adoecer mais.
Porém, especialistas entendem que os dados servem como alerta sobre como devemos enxergar o coronavírus e a Covid-19.
“Muita gente acha que a Covid já faz parte da família, que vai ter de novo e está tudo bem. Mas não está. Essa doença é mais séria do que conseguimos enxergar agora. E máscaras são para todos, não só para os mais vulneráveis”, defende o infectologista Evaldo Stanislau, do Hospital das Clínicas de São Paulo.
E outro papo, mais uma vez, cai por terra: o de que ficaríamos mais protegidos permanentemente pela própria infecção ou pela imunidade de rebanho. Essas teorias foram negadas lá atrás, após os primeiros casos de reinfecção.
“Achar que uma infecção por Covid vai melhorar a sua imunidade é o mesmo que aprender a usar cinto de segurança após bater o carro”, compara o infectologista Kleber Luz, professor na Universidade do Rio Grande do Norte (UFRN). “A maior segurança, nos dois casos, vêm com a prevenção”, completa.
E como se prevenir?
Nesse aspecto, não há muita novidade. A melhor proteção contra a doença ainda é baseada na dobradinha máscaras e vacinas, sendo que o esquema de imunização precisa contemplar os reforços.
O tempo de reinfecção por Covid ocorre, em média, quatro meses após a última dose da picada. Por isso, de tempos em tempos, são liberadas novas doses por grupos.
“Não temos vacinas com o vírus ativo, capazes de proporcionar uma imunidade duradoura, como ocorre com doses contra o sarampo. No entanto, elas são boas e efetivas porque evitam casos graves e mortes. Essa sempre será a função delas”, pontua Luz.
Quem adoece de Covid ou toma a vacina sempre terá uma imunidade passageira – a exemplo do que ocorre com a gripe, que nos acomete várias vezes na vida. Outra similaridade: os imunizantes contra o coronavírus sempre deverão passar por atualizações, como acontece com a vacina da gripe.
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Vacinas bivalentes a caminho?
Por falar em imunizantes atualizados, a Anvisa aprovou o uso temporário e emergencial de duas vacinas bivalentes contra a Covid-19 da empresa Pfizer (Cominarty). As vacinas aprovadas são para aplicação como dose de reforço na população a partir de 12 anos.
São duas as fórmulas: a Bivalente BA1 (que protege contra a variante original de Wuhan e também contra a Ômicron BA1), e a Bivalente BA4/BA5 (age contra a variante original de Wuhan e também contra as variantes Ômicron BA4/BA5).
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Para que elas cheguem aos braços da população, porém, é preciso que o Ministério da Saúde compre as doses e divulgue as regras de distribuição das injeções.