Todos os anos, 7,6 mil brasileiros recebem o diagnóstico do mieloma múltiplo, um câncer caracterizado pelo crescimento descontrolado de células da medula óssea. Sem cura, a doença é um desafio para pacientes e médicos.
Daí a empolgação com a aprovação, no Brasil, de mais uma imunoterapia para o quadro. A Anvisa liberou o talquetamabe, um anticorpo biespecífico injetável, a adultos com mieloma múltiplo recidivado ou refratário, que já passaram por pelo menos três tratamentos sem sucesso.
A medicação, comercialmente chamada de Talvey, redireciona o sistema imune para atacar dois alvos nas células tumorais. “Nossos estudos mostraram que, em um ano, há uma sobrevida superior a 76%”, conta Simone Forny, diretora de hematologia da Janssen, que desenvolveu o fármaco.
No fim do ano passado, também ganhou aval no país a primeira imunoterapia para linfoma difuso de grandes células B — o epcoritamabe, da Abbvie.
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Mieloma múltiplo
Sinais
Cansaço, anemia e dor óssea são comuns.
Causas
Não há fator único conhecido. Suspeita-se de propensão genética.
Fator de risco
Mais prevalente em homens com mais de 65 anos.
Tratamento
Quimioterapia, transplante de medula óssea e imunoterapia.
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Imunoterápico em ação
Entenda como funciona o anticorpo biespecífico
União faz a força
A fórmula reúne dois anticorpos capazes de se conectar a antígenos presentes nas células de mieloma múltiplo.
Os alvos da droga são o receptor CD3 (grupo de diferenciação 3), expresso na superfície de células T, e o receptor GPRC5D, encontrado nas células de mieloma múltiplo.
Dedo-duro
Dessa forma, o medicamento reconhece as células malignas e faz uma ponte entre elas e as células de defesa.
“O talquetamabe funciona ligando-se simultaneamente às células do mieloma múltiplo e às células T, para desencadear mecanismos que levam à morte das células cancerígenas que expressam o GPRC5D”, explica Forny.
Avante!
É um processo que ativa o sistema imunológico para que ele passe a atacar as células tumorais com eficiência.
Errata: o texto inicialmente indicava que o talquetamabe é a primeira imunoterapia para o tratamento do mieloma múltiplo aprovada no Brasil. Na verdade, ele é o primeiro e único anticorpo biespecífico anti-GPRC5D para a condição, ou seja, a primeira imunoterapia com alvo GPRC5D, mas não o primeiro imunoterápico para mieloma múltiplo.