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Conheça os medicamentos e alimentos que podem piorar a gastrite

Médico explica os principais fatores por trás da condição que causa dolorosas crises de dor no estômago

Por Ibrahim Ahmad Hussein El Bacha, gastroenterologista e hepatologista*
Atualizado em 12 ago 2024, 20h26 - Publicado em 2 ago 2024, 15h40
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As crises de gastrite são provocados por um ataque ácido ao estômago (Foto: Gustavo Arrais/SAÚDE é Vital)
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A gastrite é uma inflamação do revestimento do estômago causada principalmente pela bactéria Helicobacter pylori, pelo uso de anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) e por fatores ligados ao estilo de vida, como estresse, uso de álcool, tabagismo e hábitos alimentares inadequados.

Alguns alimentos e bebidas podem agravar os sintomas da gastrite e devem ser evitados, entre estes estão: 

  • Molhos picantes;
  • Temperos prontos;
  • Bebidas alcoólicas; 
  • Bebidas à base de cafeína; 
  • Refrigerantes;
  • Frituras;
  • Embutidos;
  • Alimentos ultraprocessados;
  • Frutas cítricas; 
  • Chocolates; 
  • Leite e derivados mais gordurosos.

A seguir, vamos falar um pouco mais sobre alguns deles.

Bebidas alcoólicas

Entre eles, vale destacar o consumo de álcool, que leva tanto ao aparecimento da gastrite quanto à exacerbação dos sintomas.

O álcool é um irritante direto da mucosa do estômago, que pode causar sintomas de má digestão, especialmente se consumido com frequência ou em quantidades abusivas. Ele estimula a acidez gástrica que, em excesso, leva a inflamação e, consequentemente, à sensação de queimação, dor e desconforto.

Além disso, o álcool reduz a produção do muco gástrico, importante na defesa do revestimento estomacal. Ele também prejudica o esvaziamento do órgão, deixando a digestão mais lenta e dificultando a cicatrização da mucosa lesionada. Dessa forma, os sintomas prevalecem e isso dificulta o tratamento.

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Por fim, a bebida interfere no efeito e na resposta ao tratamento com os medicamentos antiácidos ou bloqueadores da acidez, podendo também levar a efeitos colaterais indesejados. É fundamental que o consumo seja evitado ou interrompido para aliviar sintomas e tornar o tratamento mais eficaz. 

+ Leia também: Como parar de beber e quais são os principais benefícios para a saúde

Estresse

Ele não é uma causa direta da gastrite, mas pode agravar a condição e intensificar os incômodos. Assim como o álcool, o estresse também leva a alterações na motilidade, aumentando o tempo de esvaziamento dos alimentos, provocando sintomas de estufamento e “sensação de estômago cheio” por mais tempo.

O estresse também contribui para hábitos alimentares negativos, levando as pessoas a comerem em excesso, com refeições em horários inadequados, consumo de gorduras, frituras e doces e, além disso, maior consumo de álcool, café e tabagismo.

Em algumas situações, o estresse pode ainda contribuir para alterações no sistema imunológico, deixando o estômago mais vulnerável à inflamações.

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Realizar exercícios físicos regularmente, ter uma dieta balanceada, sono adequado, controle emocional, terapia e técnicas de relaxamento podem reduzir o impacto do estresse no órgão.

Medicamentos e gastrite

Vários medicamentos podem piorar os sintomas devido ao seu potencial de irritar a mucosa gástrica ou aumentar a produção de ácido. Por estes e outros motivos, medicamentos só devem ser utilizados sob orientação médica.

Os anti-inflamatórios, como diclofenaco, nimesulida, ibuprofeno, entre outros, são os mais relacionados a essa piora e ao desenvolvimento de úlceras no estômago e duodeno (parte inicial do intestino). Eles inibem a produção de uma substância chamada prostaglandina, que protege a mucosa do estômago.

Os corticoides também podem causar gastrite quando usados em doses altas ou por longos períodos de tempo, assim como os antibióticos.

O tratamento da osteoporose, com uso de bifosfonatos, como o alendronato de sódio, oferece o mesmo risco, caso os fármacos não sejam utilizados de forma correta. Outros medicamentos ligados ao problema são os suplementos de ferro, quimioterápicos e alguns antidepressivos, como sertralina e fluoxetina.

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Por fim, o uso de anticoagulantes orais pode causar sangramento gástrico e agravar a gastrite/úlcera, quando presentes.

Cigarro

O hábito de fumar não é apenas agressivo para os pulmões, mas também para o sistema digestivo, pois aumento a produção de acidez gástrica, reduz a produção de muco e eleva o risco de infecção pelo Helicobacter pylori, que pode irritar e inflamar o estômago.

O cigarro ainda dificulta a cicatrização da mucosa ao reduzir o fluxo sanguíneo local. Reduzir ou interromper o uso não só faz bem à saúde em geral, como também ajuda a melhorar os sintomas da gastrite e seu tratamento.

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Café, refrigerante e outras bebidas

As bebidas cafeinadas, como café, chá-preto, chá-verde, refrigerantes e algumas bebidas energéticas, podem ter um impacto negativo na gastrite, pois estimulam e aumentam a acidez gástrica e a motilidade do estômago, irritando sua mucosa pelo excesso de ácido.

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A cafeína, em geral, provoca o relaxamento da válvula anti-refluxo, chamada esfíncter inferior do esôfago, levando a sintomas como azia e regurgitação. Além disso, a substância é um estimulante do sistema nervoso que pode aumentar o estresse e a ansiedade, também ligados à gastrite. 

Ultraprocessados

Nas últimas décadas, houve um aumento significativo do consumo de alimentos ultraprocessados, que têm ação significativa nos sintomas da gastrite e da má digestão.

Esses alimentos geralmente contêm ingredientes e aditivos que podem irritar o estômago e agravar a inflamação, devido ao alto teor de gordura, conservantes, sódio e açúcares.

São alimentos que, quando consumidos em grande quantidade, dificultam a digestão, o que eleva a acidez gástrica e resulta em dor ou queimação, distensão do estômago e sensação de estufamento.

Uma dieta mais equilibrada, rica em fibras, vegetais, frutas frescas, sem frituras, sem gordura e com pouco sal, ajuda a melhorar os sintomas e o tratamento da gastrite. 

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* Ibrahim Ahmad Hussein El Bacha é gastroenterologista e hepatologista do Hospital Sírio Libanês, em São Paulo/SP

(Este texto foi produzido em uma parceria exclusiva entre VEJA SAÚDE e Brazil Health)

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