São muitos os distúrbios que atacam o coração, e o diabetes está nessa lista. Só que muitas pessoas ainda não fazem esse tipo de associação, tornando o cenário preocupante. Uma pesquisa do Ibope apontou que menos da metade dos entrevistados (42%) citou as doenças cardíacas como as consequências mais relevantes do diabetes – e, mesmo entre os diabéticos, elas só foram mencionadas por 56%1.
Por isso, para esclarecer e alertar sobre a relação entre diabetes e doenças cardiovasculares, foi lançada a campanha Junto ao Seu Coração. Mais do que cuidar de si mesmo, o mote do alerta reforça a ideia de que é preciso lembrar aos amigos e familiares a importância de ficarem atentos para discutir com seu médico a necessidade de check-ups periódicos, além de adotar hábitos saudáveis de vida.
Cerca de 13 milhões de brasileiros sofrem com a doença, segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), o que representa 6,9% da população. Apesar de existirem dois tipos da patologia, o tipo 2 está relacionado a 90% dos casos diagnosticados. Conhecido por desequilibrar os níveis de açúcar no sangue, o diabetes é uma doença crônica que se caracteriza pela incapacidade de produzir insulina – hormônio essencial para o controle do açúcar – ou por uma disfunção que não permite ao organismo usar a substância de uma maneira adequada.
Enquanto o tipo 1 consiste num defeito imunológico genético que reduz a produção de insulina pelo pâncreas e é diagnosticado principalmente durante a infância e a adolescência, o tipo 2 costuma estar relacionado a maus hábitos de vida, como o excesso de peso e o sedentarismo, apesar de também se associar ao histórico familiar do paciente.
Mas por que o diabetes aumenta as chances das doenças cardiovasculares? O fato é que a patologia resulta num descontrole nos níveis de açúcar no sangue, que, juntamente com a incapacidade de produzir e usar insulina, gera um estado de inflamação. Esse quadro favorece o surgimento de placas de gordura, aumento do colesterol ruim e outras substâncias nas paredes das artérias, restringindo o fluxo sanguíneo.
A insulina, por outro lado, também é responsável por dilatar as artérias. E a sua ausência no organismo causa uma deficiência nesse relaxamento, o que aumenta a pressão nos vasos. E como o diabetes tipo 2 está ligado à obesidade, cuja consequência é o acúmulo de excesso de gorduras no corpo, as chances para o surgimento das doenças cardiovasculares são altíssimas. Segundo um estudo da Universidade de Chester, na Inglaterra, cerca de 80% dos pacientes com diabetes tipo 2 morrem em decorrência desse tipo de complicação.
Embora não tenha cura, o diabetes pode ser tratado e controlado. Após análise do quadro, em geral, o portador do mal é aconselhado pelo médico a adotar hábitos de vida mais saudáveis e também pode ter de recorrer a medicamentos que auxiliam no controle do açúcar no sangue.
Hoje, com drogas cada vez mais modernas, existem diferentes opções terapêuticas. Uma delas é a empagliflozina, primeiro antidiabético oral com benefícios diretos para o coração. Em testes realizados com mais de 7 000 diabéticos de tipo 2 que tinham alta probabilidade de enfartar, o medicamento demonstrou redução de até 38% no risco de morte cardiovascular, além de uma queda de 35%2 no índice de hospitalização por falhas cardíacas. Tratamentos como esse, somados a hábitos saudáveis, como exercícios e alimentação equilibrada, são importantes para o controle do diabetes e podem garantir uma boa qualidade de vida ao paciente.
Referências:
- Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico). Disponível em https://www.endocrino.org.br/minsterio-da-saude-divulga-dados-do-vigitel-2016/. Acesso em 18/05/2017.
- Zinman B, Wanner C, Lachin JM et al. Empagliflozin, cardiovascular outcomes and mortality in type 2 diabetes. N Engl J Med. 2015; 373(22):2117.