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Código Latino-Americano e Caribenho contra o Câncer traz 17 recomendações

Essa é a 1ª edição regional do documento baseado nos hábitos e na realidade socioeconômica; código é elaborado pelas maiores organizações de saúde do mundo

Por Thais Szego, da Agência Einstein*
10 nov 2023, 12h17
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Para América Latina e Caribe, a OMS prevê um aumento de 67% dos diagnósticos de câncer até 2040 (Ilustração: Sattu/SAÚDE é Vital)
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O Código Latino-Americano e Caribenho contra o Câncer, que apresenta 17 ações para uma vida mais saudável para a prevenção de tumores, foi divulgado em outubro no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.

Essa é a primeira edição do documento com orientações para a população e profissionais da saúde da região.

O código, feito pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC), da Organização Mundial de Saúde (OMS), e a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), mobilizou mais de 60 especialistas da região que discutiram diretrizes de prevenção e diagnóstico da enfermidade considerando as condições epidemiológicas, econômicas, sociais e culturais desses países.

A iniciativa foi desenvolvida entre os anos de 2021 e 2022 e traz ações que incluem desde aspectos relacionados à vida saudável em geral, com alimentação equilibrada, prática de atividade física e combate ao tabagismo.

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O documento também traz informações sobre a amamentação como forma de prevenir obesidade em crianças e a importância da vacinação, entre elas, a contra o HPV (papilomavírus humano), entre outras orientações (veja mais abaixo). Assuntos atuais, como o uso de cigarros eletrônicos, também foram inseridos na relação das ações.

Essa é a primeira adaptação do Código Europeu Contra o Câncer, que já está na sua quarta versão.

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E, segundo especialistas, é fundamental que o documento seja ajustado à realidade da população pois envolve fatores socioeconômicos e estruturais próprios levando em consideração desafios ligados à pobreza, falta de saneamento básico, acesso à água potável, insegurança alimentar, estruturas de saúde insuficientes para atender a todos, entre outros.

“Mesmo que alguns fatores de risco sejam comuns a todos os países, algumas especificidades da região, como a incidência da bactéria H. pylori, que é extremamente comum por aqui e é um dos principais fatores de risco para tumores gástricos. Esse não é um problema na Europa, por exemplo, e isso precisa ser levado em consideração”, diz Carolina Espina, cientista da IARC.

“Além disso, precisamos nos ater ao fato de que a ciência mostra quais são as interferências mais eficazes para combater a doença, mas a situação de cada país e seu contexto socioeconômico determina os recursos financeiros e humanos, entre outros, que podem ser utilizados”, acrescenta.

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Os itens mostram formas de prevenir os tumores pois, segundo estatísticas, mais de 1/3 dos casos da enfermidade estão associados a fatores de risco evitáveis.

“É fato que a prevenção do câncer – e de outras doenças – está muito relacionada a comportamentos e estilos de vida mais saudáveis, como a adoção de práticas esportivas, dietas equilibradas, controle da obesidade e consumo de alimentos saudáveis, entre outros hábitos”, diz Ida Sztamfater, presidente da AMIGOH, iniciativa da Sociedade Beneficente Israelita Albert Einstein, entidade que ajudou no financiamento do projeto e está trabalhando na sua divulgação.

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“Sendo assim, disseminar informação sobre prevenção é um caminho norteador para a redução dos casos e do impacto econômico-financeiro na sociedade”, completa.

Segundo especialistas, o código tem um papel decisivo na conscientização da população.

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“Formalizar e unificar em um único documento as recomendações para prevenção do câncer com respaldo técnico-científico e feito com linguagem simples permite a divulgação delas não só para os profissionais da saúde, mas também para toda a sociedade”, afirma a oncologista Vanessa Montes, coordenadora médica da Oncologia do Hospital Municipal Vila Santa Catarina/Hospital Israelita Albert Einstein.

Ela explica que disseminar informação é imprescindível para fazer com que esses riscos sejam efetivamente evitados, afinal, o comportamento de cada indivíduo precisa estar alinhado com esse propósito, oferecendo a todos uma educação para a saúde com estímulo ao autocuidado.

“Sendo assim, quanto mais seguirmos as diretrizes, menor será o risco de desenvolvimento de casos da doença, impactando diretamente os pacientes e a saúde pública e suplementar”, diz Sérgio Eduardo Alonso Araújo, diretor médico do Centro de Oncologia e Hematologia do Einstein.

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Ser uma pessoa fisicamente ativa ajuda a prevenir vários tipos de câncer (Foto: Bruce Mars/Unsplash)

Aumento dos casos de câncer

O combate a novos casos é muito importante, pois eles tendem a crescer impulsionados pelo estilo de vida moderno e pelo envelhecimento da população.

A elevação dos números é mais acelerada nos países e regiões mais pobres, o que é provocado pelas carências e desigualdades características deste lado do mundo.

Para América Latina e Caribe, a OMS prevê um aumento de 67% dos diagnósticos de câncer até 2040, atingindo 2,4 milhões de pessoas. No Brasil, a estimativa do Instituto Nacional de Câncer (INCA) para o triênio 2023-2025 é de 704 mil novos casos a cada ano. E aqui, como no resto do mundo, o câncer é uma das doenças que mais matam.

A partir do lançamento, cada país tem as suas atribuições para que o código seja propagado. “O Brasil deve impulsionar políticas públicas e ações no sentido de disseminar o conteúdo e contribuir para a redução da incidência da doença por meio do Ministério da Saúde e do INCA”, conta Araújo, do Einstein.

As 17 ações listadas no documento

1 – Não fume ou use qualquer tipo de tabaco. Se você usa, é possível parar. Se necessário, conte com ajuda profissional. Também não use cigarros eletrônicos, pois levam ao uso de produtos de tabaco.

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2 – Faça de sua casa um lugar livre da fumaça do tabaco. Respeite e promova as leis que garantem espaços livres de fumaça do tabaco para cuidar da nossa saúde.

3 – Mantenha ou atinja seu peso saudável, ao longo da vida, para ajudar a prevenir vários tipos de câncer.

4 – Faça atividade física diariamente, ao longo da vida, e limite o tempo que passa sentado. Ser uma pessoa fisicamente ativa ajuda a prevenir vários tipos de câncer.

5 – Tenha uma alimentação saudável:

● Coma a maior quantidade possível de verduras e frutas em cada refeição. Inclua, habitualmente, leguminosas como feijão e lentilha.
● Coma grãos integrais, como pão integral, e arroz integral, em vez de grãos refinados, como pão branco ou arroz branco.
● Evite o consumo de bebidas açucaradas (refrigerantes, sucos prontos com açúcar). Prefira água potável.
● Limite o consumo de alimentos ultraprocessados, como doces, cereais matinais açucarados, salgadinhos, bolinhos e biscoitos, entre outros. Em vez disso, coma alimentos naturais ou preparados em casa.
● Evite carne processada, como embutidos (presunto, mortadela), salsichas, linguiças ou carnes salgadas, e limite o consumo de carne vermelha.
● Limite o consumo de bebidas em temperaturas muito quentes, como mate, chá ou café. Aguarde alguns minutos até sentir que o líquido não queima seus lábios ou língua.

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6 – Evite o consumo de bebidas alcoólicas para ajudar a prevenir vários tipos de câncer.

7 – Amamente, quanto mais meses, melhor, para ajudar a prevenir o câncer de mama e o excesso de peso na criança.

8 – Proteja-se da exposição direta ao sol nos horários de maior intensidade para ajudar a prevenir o câncer de pele.

9 – Se você cozinha ou aquece sua casa com carvão mineral ou lenha, evite o acúmulo de fumaça dentro de casa.

10 – Se houver alta poluição do ar em seu ambiente (externo), limite o tempo que você passa ao ar livre.

11 – Informe-se se o seu trabalho o(a) expõe a substâncias que podem produzir câncer e exija e adote as medidas de proteção recomendadas.

12 – A infecção pela bactéria Helicobacter pylori pode causar câncer de estômago. Converse com os profissionais de saúde para ver se você poderia se beneficiar da detecção da bactéria e do tratamento da infecção.

13 – Infecções por vírus como os das hepatites B e C, o vírus do papiloma humano (HPV) e o vírus da imunodeficiência humana (HIV) também podem causar câncer. Portanto:

● Vacine as crianças contra o vírus da hepatite B nas primeiras 24 horas de vida. Vacine-se e sua família, em qualquer idade, caso não tenha recebido a vacina.
● Vacine meninas e adolescentes contra o HPV para ajudar na prevenção, principalmente, do câncer do colo do útero, além de outros tipos de câncer.
● Realize essa medida preventiva nas idades recomendadas em seu país. Se disponível, vacine também os meninos.
● Converse com profissionais de saúde para saber se você pode se beneficiar da detecção e tratamento dos vírus das hepatites B e C para ajudar a prevenir o câncer de fígado.
● Faça o teste para HIV e pergunte sobre os programas de prevenção e tratamento disponíveis em seu país.
● Certifique-se de usar preservativo ou camisinha de forma correta e sistemática, especialmente com parceiros novos ou casuais.

14- Não faça reposição hormonal na menopausa, a menos que seja indicada pelo seu médico. A reposição hormonal pode causar câncer de mama. O câncer pode ser controlado e curado se for detectado precocemente e tratado no momento certo:

15 – Se você tem entre 50 e 74 anos, procure o serviço de saúde e solicite o exame de detecção precoce do câncer de cólon e reto (sangue oculto nas fezes ou colonoscopia). De acordo com os resultados, siga as recomendações do profissional de saúde.

16 – Se você tem 40 anos ou mais, vá ao serviço de saúde a cada dois anos para fazer um exame clínico das mamas. A partir dos 50 até os 74 anos, faça uma mamografia a cada dois anos. De acordo com os resultados, siga as recomendações do profissional de saúde.

17 – Se você tem entre 30 e 64 anos, procure o serviço de saúde e solicite o teste molecular do vírus HPV, pelo menos a cada 5 a 10 anos, para detecção precoce do câncer do colo do útero. Pergunte se você mesmo pode coletar a amostra. Caso não tenha acesso ao teste de HPV, solicite o teste disponível em seu país. De acordo com os resultados, siga as recomendações do profissional de saúde.

*Conteúdo publicado originalmente na Agência Einstein.

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