Do total de mortes por câncer, quase um terço – 30% – está relacionado ao cigarro, revela um estudo que acaba de ser divulgado pela Sociedade Americana do Câncer. Os autores chegaram a esse número após analisar dados de 123 mil mortes por tumores em 2019 nos Estados Unidos.
Além disso, os pesquisadores constataram uma perda de mais de 2 milhões de anos de vida pela queda na expectativa de vida dos pacientes estudados. A perda precoce de pessoas em idade ativa, ou a incapacidade delas, gera um impacto econômico de 21 bilhões de dólares por ano.
“O dado não nos surpreende, porque a gente sabe que o cigarro é o principal fator de risco para os tumores mais prevalentes”, diz a pneumologista Luiza Helena Degani Costa, do Hospital Israelita Albert Einstein.
A pesquisa aponta o impacto do tabagismo na sociedade, com um alto custo emocional, social e econômico. Para isso, os pesquisadores avaliaram as mortes por tumores sabidamente associados ao cigarro: cavidade oral, faringe, esôfago, estômago, cólon, fígado, pâncreas, pulmão, bexiga e leucemia mieloide aguda, entre outros.
Embora o tabagismo venha caindo de forma geral, ainda há mais de 1 bilhão de fumantes no mundo. O cigarro é responsável por mais de 7 milhões de mortes a cada ano no planeta, segundo dados de um outro estudo recente publicado no periódico The Lancet, que mapeou o impacto do tabagismo em mais de 200 países ao longo de quase 30 anos.
Nesse cenário, o Brasil ostenta números mais positivos, como aponta Luiza: “Isso porque seguimos todas as recomendações da Organização Mundial da Saúde em termos de educação da população, proibição de consumo”.
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Graças a essas medidas, a taxa de fumantes brasileiros despencou cerca de 70% nas últimas três décadas e é praticamente a metade do índice nos Estados Unidos, onde a queda foi de 30% no mesmo período. Lá, em torno de 15% das mulheres e 20% dos homens fumam. Aqui, esses números estão por volta de 7% e 11%, respectivamente.
Cigarro eletrônico
O cigarro ainda mata 160 mil brasileiros todos os anos, e o impacto econômico anual chega a 57 bilhões de reais. “E agora vemos o crescimento do consumo do cigarro eletrônico”, lamenta Luiza.
De fato, embora seja proibido desde 2009, o uso no país vem crescendo de forma significativa. “Sabe-se que ele também vicia e está relacionado a doenças como asma e DPOC”, diz a especialista. “Além de manter a campanha contra o cigarro tradicional, precisamos acender o alerta também contra os eletrônicos”, enfatiza Luiza.
Do contrário, não conseguiremos reduzir essas mortes no futuro – e pior, poderíamos regredir no enfrentamento ao tabagismo.
*Este conteúdo é da Agência Einstein