A notícia de que está em fase final de testes uma vacina contra o melanoma, o tipo mais agressivo de câncer de pele, causou impacto nas mídias sociais. Trata-se de uma vacina terapêutica que, diferente das tradicionais, não previne a doença, mas a trata.
É também chamada de vacina, pois segue os mesmos princípios das comuns, estimulando o sistema imunológico. Mas essa versão é personalizada para cada paciente e subtipo de tumor, fazendo com que o organismo reconheça e combata as células cancerígenas.
Estudos clínicos demonstraram que, após a cirurgia para o tratamento de melanomas de alto risco, os pacientes que receberam a vacina experimentaram uma redução significativa no risco de recorrência da doença.
É interessante pontuar que são vacinas de RNA mensageiro (RNAm), e que a pandemia de Covid-19 direcionou o foco mundial para essa tecnologia. Aliás, o rápido desenvolvimento e produção do imunizante da Covid-19 foi baseado em anos de pesquisa explorando vacinas de RNAm como uma estratégia terapêutica contra o câncer.
E, sim, as vacinas à base de RNAm não são infecciosas. No mais, são bem toleradas, facilmente degradadas e não se integram ao genoma do hospedeiro.
Apesar dos recentes avanços, a ferramenta mais importante continua sendo o diagnóstico precoce. Este é simples, barato e pode ser realizado inicialmente pelo próprio paciente.
As pessoas com maior risco de câncer de pele são as muito claras, com muitas pintas no corpo ou que já tiveram ou têm familiares diretos afetados pela doença. A exposição solar excessiva também é um fator importante, mas, mesmo aqueles indivíduos que raramente se expõem ao sol, se já tiveram episódios de queimadura solar com formação de bolhas na pele, também têm o risco aumentado.
O melanoma origina-se dos melanócitos – as células que dão cor à pele. Por isso, ele é parecido com uma pinta com as seguintes características:
- Assimétrica (um lado diferente do outro)
- Bordas irregulares (ou com contornos apagados)
- Cores variadas (ou com mais de uma tonalidade diferente)
- Diâmetro maior que 0,6 cm.
Pessoas que apresentam esses sinais devem procurar um dermatologista para serem avaliadas adequadamente. Em casos iniciais, uma cirurgia pode ser curativa, inclusive no melanoma.
*Sérgio Henrique Hirata é dermatologista, professor associado e coordenador do grupo de dermatoscopia e mapeamento corporal da Escola Paulista de Medicina, ligada à Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)
(Este texto foi produzido em uma parceria exclusiva entre VEJA SAÚDE e Brazil Health)