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Biocurativo inteligente feito de células-tronco trata lesões e queimaduras

Criado por startup brasileira, o dispositivo, impresso a partir de uma bioimpressora 3D, pode ser aplicado diretamente sobre a pele humana

Por Eduardo Geraque, da Agência Fapesp*
Atualizado em 14 jul 2021, 12h52 - Publicado em 14 jul 2021, 12h30
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  • A startup brasileira In Situ Terapia Celular desenvolveu, com apoio do Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE), da Fapesp, um biocurativo para o tratamento inteligente de feridas e queimaduras.

    O produto, que tem a aparência de uma lente de contato, é obtido a partir de células-tronco e de um hidrogel, impresso a partir em uma bioimpressora 3D. Ele pode ser aplicado diretamente sobre a pele, de forma mais eficiente em relação às opções atuais.

    O produto está sendo submetido à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para aprovação de ensaio clínico e registro.

    “Se houver muita inflamação no local, o biocurativo consegue fazer com que a secreção de certas substâncias envolvidas com os processos inflamatórios diminuam”, diz a bióloga Carolina Caliári Oliveira, fundadora da empresa.

    As células-tronco usadas no produto são de cordão umbilical e têm potencial para estimular a regeneração dos tecidos da pele, o maior órgão do corpo humano. Portanto, não apenas protege como ajuda a tratar as lesões na derme.

    “A grande inovação em todo esse processo é a forma pela qual as técnicas foram integradas. Desse modo, as células-tronco e o biomaterial podem cumprir com eficiência o papel deles, como demonstramos em testes no laboratório”, afirma Oliveira.

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    Segundo a pesquisadora, o fato de outra startup brasileira, a 3D Biotechnology Solutions, ter desenvolvido, também com apoio do PIPE-FAPESP, uma bioimpressora no país ajudou bastante no plano de negócio da empresa.

    “Isso facilitou muito para nós, porque reduziu o custo. Não teríamos como importar um equipamento desse”, diz Oliveira.

    A impressão em 3D também acabou sendo decisiva para a empresa planejar a futura linha de produção dos biocurativos. “Temos toda uma infraestrutura já montada”, ressalta a pesquisadora.

    Em um primeiro momento, o produto poderá ser comercializado principalmente em redes de hospitais privados.

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    Diferenciais competitivos

    De acordo com Oliveira, além da inovação biotecnológica, a solução apresenta diversas outras vantagens em comparação com os produtos já existentes no mercado.

    “É uma terapia que apresenta uma ótima relação custo-benefício. Além disso, o processo de aplicação é muito simples. Alguns tratamentos atuais para feridas são dolorosos. No caso do biocurativo, ele é apenas colocado sobre a ferida. Por ser um produto altamente inovador e com tecnologia 100% nacional, o acesso dos pacientes que precisam desse tipo de tratamento será facilitado”, avalia a pesquisadora.

    As feridas crônicas, principalmente em pessoas com problemas como diabetes e má circulação, podem levar à amputação de membros, como os pés.

    “O produto tem potencial de ser usado por até cinco 5 milhões de pessoas no Brasil que sofrem com feridas crônicas ou queimaduras graves”, estima Oliveira.

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    A ideia inicial da pesquisadora, formatada em 2016, era desenvolver uma terapia celular personalizada. Mas, como é comum na trajetória das startups, a rota teve que ser corrigida.

    “Percebemos logo que fazer uma terapia celular personalizada não nos levaria a um produto escalável, como é o atual, feito a partir de células-tronco de cordão umbilical de recém-nascidos”, explica Oliveira.

    A startup já tem outros produtos em processo de desenvolvimento, baseados na utilização de vesículas extracelulares, derivadas da produção de células-tronco em laboratório

    “Nosso objetivo é usá-los em um produto menos complexo, como uma pomada, que também possa ajudar na cicatrização de feridas mais simples ou em cicatrizes hipertróficas [defeitos na cicatrização de feridas que ocorrem pela desregulação na produção de colágeno, que se dá de forma excessiva, deixando a pele mais protuberante]”, explica Oliveira.

    * Esse conteúdo foi originalmente publicado na Pesquisa para Inovação, publicação da Agência Fapesp.

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