Aumentar o pênis com preenchimento de ácido hialurônico é seguro?
A técnica, já até chamada de harmonização peniana, é puramente estética e usada para aumentar tamanho e volume. Mas faltam estudos
A famosa prótese peniana, ao contrário do que muita gente acha, é um dispositivo recomendado para o tratamento da disfunção erétil (quando o pênis não consegue se manter duro e ereto durante o sexo).
Apesar da proposta funcional, a colocação dela também impacta na aparência do órgão.
Só que outro procedimento, esse totalmente focado na estética, tem atraído interesse da ala masculina: o preenchimento de pênis com ácido hialurônico (AH) ou engrossamento peniano.
O ácido hialurônico é uma substância produzida pelo nosso próprio corpo para manter a hidratação dos tecidos, fabricar colágeno, entre outras funções.
A versão sintética ou obtida de animais é utilizada há tempos em intervenções estéticas, como preenchimentos faciais, combate de rugas e até modelação de algumas partes do rosto, como mandíbula e queixo. Essa aplicação é respaldada por décadas de estudos.
No caso do pênis, o intuito é aplicar injeções com o composto para aaumentar o tamanho e grossura do órgão ereto e até mesmo flácido, fornecendo mais volume na cueca. Teoricamente, também pode reduzir a flacidez da pele local.
Mas, apesar da popularidade e dos supostos resultados milagrosos, o procedimento pode representar um risco para a saúde sexual.
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“Toda intervenção no pênis acaba tendo um interesse estético, mas as que mais têm base científica são as com indicação funcional [como a prótese peniana]. O engrossamento mal indicado pode comprometer a funcionalidade”, afirma o médico urologista Paulo Egydio, membro da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU).
Essas intervenções, apesar de já serem realizadas, ainda não são respaldadas por protocolos testados ou regulamentações sobre o assunto. A SBU coloca o preenchimento peniano com ácido hialurônico como técnica experimental, ou seja, que só pode ser feita no contexto da pesquisa clínica.
Ainda assim, a realização deve estar inserida dentro de um protocolo de estudo em seres humanos, que é previamente aprovado por uma comissão de ética, tendo o voluntário ciência de que está participando de uma pesquisa, onde nenhum resultado é garantido.
Contudo, o que se vê hoje são várias classes de profissionais da saúde, como médicos e biomédicos, vendendo esses procedimentos como seguros e revolucionários.
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Os riscos do preenchimento peniano
Existe toda uma física no funcionamento do pênis. É essencial um bom calibre — a proporção entre tamanho e a grossura do órgão— para que ele atue como deve.
Imagine uma coluna hidráulica, que precisa gerar pressão interna por meio do abastecimento sanguíneo para ficar rígida. “Um pênis que é mais longo precisa de um diâmetro maior para que haja uma resistência vertical adequada. E vice-versa: um mais curto exige um diâmetro menor”, explica Egydio.
O objetivo final é gerar condições para uma penetração satisfatória.
E o médico alerta: quando se faz qualquer procedimento puramente estético para alargar um órgão que já tem bom desempenho sexual, ele pode passar a apresentar problemas, como desenvolver mais resistência na hora da penetração e começar a dobrar.
“Aí, o paciente que não tinha um problema funcional até então começa a ter”, ressalta o urologista. “Muitos homens que fazem esses procedimentos estão tão iludidos pelo suposto resultado positivo que nem pensam nisso”, alerta.
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Além disso, é preciso um grande conhecimento sobre a anatomia e fisiologia do pênis para fazer qualquer intervenção no local.
Geralmente o ácido hialurônico é colocado em uma estrutura chamada dartos, que fica abaixo da pele mais externa. “Mas, se ele não for bem aplicado e distribuído, pode formar nódulos e irregularidades no contorno. O que, novamente, acarreta em problemas de funcionais e estéticos”, ressalta o médico.
Por que o tamanho importa tanto?
Por fim, Egydio chama atenção para a razão de os homens se importarem tanto com o tamanho do pênis.
Segundo o médico, isso envolve questões culturais, psicológicas, de autoestima, e, muitas vezes, uma insatisfação com o desenvolvimento da sexualidade no geral, o que nem sempre tem a ver com o órgão em si.
“Eu já contraindiquei vários procedimentos. Muitas vezes, mais do que aumentar o pênis, esses homens precisam resolver questões pessoais de cunho psicológico, e aí nada que for feito vai realmente adiantar”, alerta o especialista.