Alergia à água? Entenda o que é a urticária aquagênica
Condição médica rara pode dificultar o dia a dia frente a um recurso vital para a existência humana, mas existe tratamento
A alergia à água, ou urticária aquagênica, é uma condição rara em que a pele reage de forma adversa ao contato com a água, seja ela fria, quente, filtrada, do mar, ou mesmo originada no próprio corpo, caso do suor e das lágrimas.
É isso mesmo: essencial para a nossa existência, compondo 70% do corpo humano e 75% do planeta Terra, a água pode ser incômoda – e até mesmo perigosa – para algumas pessoas.
Não se sabe exatamente o que leva o organismo de uma pessoa a desenvolver uma reação exagerada a um recurso fundamental para a vida, mas é seguro afirmar que há uma predisposição genética para o problema. No entanto, essa alergia não é necessariamente hereditária.
Como a alergia à água ocorre na prática?
Quando uma pessoa com urticária aquagênica entra em contato com a água, seu organismo reage como se estivesse detectando uma substância estranha. Em resposta, o sistema imunológico ativa a produção de anticorpos.
As células da pele, estimuladas pela presença de água, liberam substâncias químicas, principalmente histamina – que provoca a dilatação dos vasos sanguíneos, resultando em vermelhidão, inchaço e coceira.
É o mecanismo de qualquer outra reação alérgica que se manifesta na pele, mas, neste caso, é praticamente impossível evitar a exposição à substância que causa a alergia.
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Cada exposição subsequente à água pode desencadear a produção de novos anticorpos, o que tende a agravar a resposta alérgica ao longo do tempo. Isso significa que os sintomas podem se tornar progressivamente mais intensos com exposições repetidas.
O diagnóstico da urticária aquagênica é clínico, fundamentado na história médica detalhada do paciente e na observação das reações cutâneas após o contato com a água.
Quem tem essa alergia não pode entrar em contato com a água?
Até dá, mas com cuidado. Os sintomas da urticária aquagênica incluem coceira intensa, erupções cutâneas e urticária – pequenas bolhas ou inchaços – que aparecem logo após o contato com a água e desaparecem geralmente dentro de 30 a 60 minutos após a secagem.
Assim, pessoas com a condição não necessariamente precisam evitar o contato com a água de forma absoluta, mas devem tomar precauções para minimizar os impactos.
A intensidade da reação pode variar, e algumas medidas podem ajudar a reduzir o desconforto:
- Banhos rápidos e com água morna ou fria
- Uso de cremes de barreira e anti-histamínicos
- Roupas de proteção cobrindo a maior parte do corpo ao nadar
- Evitar atividades aquáticas prolongadas
Os sintomas da urticária aquagênica geralmente aparecem pela primeira vez na puberdade, mas também podem surgir na vida adulta. É necessário estar atento, pois, caso apareçam indícios da doença, é essencial buscar um dermatologista para avaliação e orientação adequadas.
A urticária aquagênica tem cura?
Não, mas existem alternativas disponíveis, que aliviam os sintomas e permitem que o paciente viva de maneira mais tranquila.
Uma das principais formas de tratamento é o uso de medicação. Os anti-histamínicos são os mais utilizados e ajudam a bloquear a ação da histamina, que produz a reação. Em casos mais graves, corticosteroides tópicos podem ser prescritos para reduzir a inflamação da pele.
Medicamentos como o montelucaste, da classe dos antagonistas dos receptores de leucotrienos, podem ser usados em conjunto com anti-histamínicos para um efeito mais completo. Já em casos severos e refratários, medicamentos imunossupressores podem ser considerados para controlar a resposta imunológica excessiva.
De qualquer forma, é crucial manter consultas regulares com um dermatologista para monitorar a condição e ajustar o tratamento conforme necessário. Não faça automedicação. Além disso, o suporte psicológico pode ser útil para lidar com o estresse e a ansiedade associados à alergia.