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A qualidade do sono afeta a eficácia da vacina contra o coronavírus?

Já se sabe que dormir bem é essencial para o bom funcionamento da imunidade. Mas será que esse hábito tem impacto na ação da vacina da Covid-19?

Por Maria Tereza Santos
Atualizado em 15 mar 2023, 11h11 - Publicado em 30 jun 2021, 18h28
mulher dormindo
Dormir bem é um dos pilares para ter um sistema imunológico forte. (Foto: Damir Spanic/Unsplash/Divulgação)
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O pleno funcionamento do sistema imunológico depende de vários fatores, sendo o sono um dos mais importantes. É durante esse período de descanso que as defesas do nosso organismo são aperfeiçoadas. Mas será que pregar os olhos também influencia na eficácia das vacinas – incluindo a que protege contra o coronavírus?

De acordo com a biomédica Daniela Santoro Rosa, pesquisadora do Instituto do Sono, em São Paulo, nos últimos anos diversos estudos têm mostrado que existe uma interação importante entre o repouso e o sistema imune.

Daniela explica que, durante a noite, os glóbulos brancos, que são células do sistema de defesa, migram e param nos nódulos linfáticos. Além disso, enquanto dormimos profundamente ocorre a produção de hormônios, como o do crescimento e a prolactina. “Tudo isso favorece a reposta imune”, resume a biomédica.

Uma das investigações mais recentes sobre o assunto é assinada por várias universidades americanas. Nela, 83 pessoas foram avaliadas por 13 dias antes de receber a vacina contra a gripe. Aqueles que dormiram mal nos dois dias anteriores à picada geraram menos anticorpos, mesmo após quatro meses.

Uma outra pesquisa, conduzida pelas universidades do Norte do Texas e de Iowa, nos Estados Unidos, comparou os níveis de anticorpos entre 65 universitários diagnosticados com insônia e 133 sem o problema, antes e após a imunização também contra o vírus da gripe. Apesar de os dois grupos terem gerado as moléculas protetoras, esse fenômeno foi menos intenso naquele que enfrentava dificuldade para dormir .

Já um estudo realizado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Universidade de Swansea, na Inglaterra, demonstrou algo similar em relação à vacina meningocócica C. Os cientistas compararam o impacto do descanso na imunização de 34 pessoas saudáveis, sendo que uma parte do grupo trabalhava no turno diurno e a outra, no noturno.

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Após a aplicação da vacina, os experts constataram que a produção de anticorpos foi menor na turma que passava a noite na labuta. Esse pessoal ainda liberava menos linfócitos T, outro tipo de molécula que faz parte do sistema imunológico.

“Essas descobertas sugerem que dormir bem nas noites anteriores e posteriores à imunização é essencial para garantir a eficácia total das vacinas”, conclui Daniela.

No entanto, algumas ponderações sobre os resultados são necessárias. Primeiramente, as pesquisas são observacionais. Isto é, apenas verificaram a ocorrência de dois eventos. Mas ainda não dá para cravar que um é a causa do outro – outros fatores podem interferir nessa associação.

“Até hoje, nenhum trabalho mostrou a perda total da imunidade devido à falta de sono. O que se nota é uma produção menor de elementos de defesa do organismo. Agora, o quanto isso repercute no funcionamento da vacina ainda precisa ser melhor investigado”, acrescenta a biomédica.

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Por isso, mesmo que você conviva com algum distúrbio de sono, não deve ficar reticente quanto à injeção. “E quem faz tratamento deve tomar suas medicações normalmente”, acrescenta a pesquisadora.

O sono e o imunizante contra a Covid-19

“Nesse momento, a gente não tem evidência direta de que dormir bem aumenta a resposta imunológica das vacinas contra a Covid-19”, informa a especialista.

Trabalhos focados no coronavírus devem ser publicados nos próximos anos. Há um sendo conduzido pelo Instituto do Sono, inclusive. Daniela conta que irão participar idosos acima de 60 anos que já realizaram polissonografia na instituição e que receberam as duas doses dos imunizantes contra o Sars-CoV-2.

“Teremos três grupos: indivíduos sem apneia, com apneia e pacientes que usam um aparelho chamado CPAP [ele é indicado no tratamento da doença, caracterizada por roncos e interrupções na respiração durante o repouso]”, relata a expert.

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A seleção dos voluntários já começou e a análise deve durar até setembro.

Como melhorar a qualidade do sono

Apesar de não termos evidências concretas de que o dormir interfere na eficácia das vacinas, vale repetir que o descanso é imprescindível para nosso sistema imune de forma geral.

“O sono é um dos comportamentos mais fundamentais relacionados à qualidade de vida. E sua importância é ainda maior diante do cenário que estamos vivendo”, analisa a biomédica Monica Andersen, diretora de Pesquisa e Ensino do Instituto do Sono.

Monica observa que a medida mais significativa para pregar os olhos numa boa é a regularidade: ou seja, dormir e acordar no mesmo horário.

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“Logicamente, precisamos respeitar as dificuldades da vida cotidiana de cada um. Mas não devemos deitar num dia às 10 horas da noite e, no outro, às três da manhã”, pondera.

Essa é uma das dicas de ouro para dormir bem. Confira outras:

● Evite bebidas cafeinadas e estimulantes algumas horas antes de ir para a cama;

● Diminua a incidência de luz, pois ambientes muito claros bloqueiam a liberação de melatonina, hormônio que favorece o sono.

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● Dispositivos eletrônicos também devem ser evitados pelo menos duas horas antes de ir dormir;

● Realize atividade física, principalmente nas primeiras horas da manhã;

● Tenha momentos prazerosos antes de ir para a cama. Pode ser leitura, música, oração…

● Drible situações tensas para limitar a produção de cortisol – o hormônio do estresse.

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