Transtorno alimentar pode surgir na infância
Pais precisam estar atentos aos primeiros indícios do problema para buscar ajuda o mais cedo possível
Você até pode ter o cuidado de não falar de dietas restritivas com seu filho. Mas frases aparentemente banais, como “olha como aquela atriz emagreceu e ficou bonita” ou “preciso muito perder alguns quilos”, são capazes de impactar o pequeno de forma mais profunda do que se imagina.
“Esse tipo de situação pode funcionar como gatilho para um transtorno alimentar aparecer”, comenta a psicóloga Valéria Lemos Palazzo, coordenadora do Grupo de Apoio dos Distúrbios Alimentares (GATDA), em São Paulo.
Segundo a especialista, é claro que a predisposição genética para desenvolver o problema vem em primeiro lugar. “A questão é que a gente nunca sabe qual criança tem maior tendência”, diz.
E quando a gente fala em criança, não é exagero. Recentemente, um estudo da Universidade Newcastle, no Reino Unido, identificou sinais de desordem alimentar em voluntários de apenas 9 anos de idade. Aos 12, esses sintomas estavam mais intensos – o que fez os autores concluírem que, quanto antes a intervenção, melhor.
A psicóloga Valéria concorda, mas pondera: “O mais difícil é detectar”. O jeito é ficar de olho em determinados comportamentos dos pequenos, como preocupação exacerbada com o próprio corpo. “Vivemos hoje em meio à cultura da magreza. E crianças estão ligadas nisso”, afirma.
A especialista lembra que, hoje, é muito comum ver festinha de aniversário em salão de beleza, por exemplo. Só que, em excesso, a vaidade tende a atrapalhar a vida de meninos e meninas. “Também sabemos que crianças perfeccionistas devem ser observadas mais de perto”, acrescenta a psicóloga.
Como ajudar seu filho
Caso detecte algum comportamento suspeito, como mudanças na forma que a criança se relaciona com as pessoas, alterações na dieta e um padrão de sono diferente, faz sentido buscar um especialista. Se for detectado um transtorno alimentar, Valéria conta que o tratamento inclui, em geral, o pediatra e o psicólogo. “Só depois, se necessário, ocorre um intervenção psiquiátrica”, completa a coordenadora do GATDA.