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Respeito à nova velhice

Edição de dezembro de VEJA SAÚDE discute ideia da OMS de dar status de doença à velhice — decisão que acaba de ser revertida

Por Diogo Sponchiato
Atualizado em 17 dez 2021, 14h18 - Publicado em 17 dez 2021, 14h17
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  • O elixir da longa vida foi, durante séculos, uma obsessão da humanidade, além de ser tema recorrente na literatura. Mas digamos, com uma pitada de exagero, que já encontramos sua fórmula. E não, ela não é milagrosa nem se encontra em um frasco. Os ingredientes você até conhece: comer bem, dormir direito, praticar atividade física, cuidar da cabeça, fazer acompanhamento médico

    E, claro, contar com uma infraestrutura que ajude a prevenir e a remediar os males que podem pintar com a idade. É graças a esse pacote e à evolução da medicina que sopramos cada vez mais velinhas. A grande questão, então, nem é mais o tal do elixir da longa vida. É, na verdade, que não basta viver mais, é preciso também viver com saúde. Do contrário, computamos anos e anos pela frente, só que décadas convivendo com doenças e limitações.

    Felizmente, a conscientização e o acesso a consultas, exames e tratamentos permitem limpar as ervas daninhas pelo caminho. E não é por acaso que, agora, tantos idosos nem parecem… idosos. Aquela imagem da senhora de coque e óculos sentadinha fazendo crochê — nada contra, é uma baita atividade e me faltariam neurônios para me aventurar entre linhas e agulhas — ou a do senhor que só joga damas — seria massacrado por ele numa partida — não representam mais (ou exclusivamente) o que é ser idoso hoje.

    De cabelos brancos ou não, com netos ou não, conectados à internet ou não, os representantes da geração prateada colocam o corpo e a cabeça para se exercitar, trabalham, viajam, namoram, cuidam, enfrentam desafios e curtem a vida. Apesar das inúmeras exceções — não sejamos tão otimistas à la Cândido —, a nova velhice está com a energia toda.

    Porém, ai porém, havia uma polêmica à vista, com a decisão da Organização Mundial da Saúde (OMS) de incluir a velhice no código oficial de doenças que os médicos usam mundo afora (a CID). Não foram poucos os críticos a essa medida, como você verá na reportagem de capa do jornalista André Bernardo.

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    Não só porque ter mais de 60 anos não quer dizer entrar na vala das moléstias mas também pelo risco de classificações do tipo atrapalharem a identificação de doenças físicas e psíquicas e ampliarem o preconceito contra o idoso.

    Com esta edição de VEJA SAÚDE já impressa e prestes a ser distribuída pelo Brasil, eis que a OMS volta atrás e decide não botar mais a velhice na CID, a lista de doenças e afins. Vitória de tantos profissionais e ativistas que brigaram para impedir tal resolução.

    Independentemente do desfecho, essa é uma história que interessa a todos, os velhos e os futuros velhos, pois tem a ver com a sociedade que estamos construindo. Como reflete o professor Jorge Félix em Economia da Longevidade (106 Editora), não podemos sustentar a visão de idosos como um fardo ou um gasto previdenciário.

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    Pelo contrário, essa nova velha geração é ativa e produtiva, e o mundo deve se ajustar para reconhecer, respeitar e atender seus anseios. E a cada um de nós cabe cultivar aquela fórmula nada mágica para ter uma vida longa e prazerosa pela frente.

    Conselhos da estrela da capa

    Ana Luna (@analunacabelobranco) não empresta sua imagem e história a esta edição à toa. Influencer, cantora, apresentadora, radialista, modelo e ativista, a paulistana de “gloriosos” 69 anos é uma promotora da causa do envelhecimento feliz e saudável.

    “Envelhecer bem faz parte de um preparo e cuidado que começam na juventude. Não se deve ter medo de envelhecer, isso não dói. Então não pare, siga em frente, sempre com um sorriso nos lábios”, aconselha a protagonista da nossa capa.

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