A gente nasce dependente e morre dependente, não há como fugir disso. Mas o trabalho de cuidar dos idosos, que muitas vezes recai sobre uma filha ou sobrinha que não é remunerada para essa finalidade, pode pesar física e mentalmente.
É o que documenta um estudo recém-publicado pelo Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), em parceria com a associação Itaú Viver Mais.
O trabalho concluiu que a falta de valorização, o não acolhimento dos problemas pelo resto da família e a frustração de ter planos anteriores deixados de lado prejudicam o estado emocional dos cuidadores.
“A sociedade está envelhecendo e há poucas políticas públicas voltadas à assistência ao idoso na rotina, de modo que essa função fica a cargo da família”, elucida Priscila Vieira, coordenadora do estudo.
“Constatamos que esse trabalho informal restringe a vida e faz mal à saúde mental das cuidadoras entrevistadas”, relata a pesquisadora do Cebrap.
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Os desafios de cuidar
Análise elenca o que mais angustia as cuidadoras
Luto antecipado
É fruto da necessidade de lidar o tempo todo com a doença ou a fragilidade do familiar.
Estresse
A alta e constante demanda por apoio, a despeito da carga ou do horário, causa esgotamento.
Restrição de liberdade
As mulheres se queixam de se sentirem presas na condição de únicas responsáveis pelo idoso que recebe os cuidados.
Isolamento social
As poucas oportunidades de se socializar e se divertir geram sensação de tristeza e solidão.
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Especialização em cuidado?
Higiene, alimentação, administração de remédios e até questões burocráticas entram na rotina das cuidadoras, mas, segundo o estudo, grande parte delas não tem formação ou verba suficiente para dar conta disso tudo.
A alternativa buscada por muitas são vídeos, textos e grupos de apoio que, de maneira gratuita, compartilham orientações a respeito.