A ciência mostra cada vez mais que as bactérias têm um papel de destaque na manutenção de nossa saúde. Esses micro-organismos formam grandes colônias em determinados órgãos, como o intestino, a pele e a boca.
No intestino, por exemplo, o desbalanço nessa verdadeira cidade microscópica está diretamente relacionado ao surgimento de uma série de doenças — de obesidade a câncer. Agora, um novo estudo demonstra que o bem-estar da microbiota da vagina é determinante para uma boa gestação.
Para chegar a essa conclusão, experts da Maternidade Escola Januário Cicco, em Natal, no Rio Grande do Norte, fizeram um monte de exames que determinava o perfil das colônias de bactérias de 190 grávidas acompanhadas no centro médico.
A conclusão: aquelas que tinham uma flora vaginal desajustada, com baixa concentração de Lactobacillus sp., uma espécie benéfica, tiveram mais casos de parto prematuro e bebês com pouco peso após o nascimento.
Para ter ideia, 26% das mulheres com a microbiota da região desequilibrada precisaram dar à luz antes da hora e 23% das crianças vieram ao mundo com menos de 2,5 quilos, o que é considerado um valor baixo. O mesmo não foi observado no grupo que estava com os micro-organismos em ordem.
No trabalho, apresentado durante o Congresso Brasileiro de Infectologia, que ocorreu no Rio de Janeiro na semana passada, os autores chamam a atenção para a importância do diagnóstico e do tratamento correto de infecções durante o período gestacional — afinal, elas são as grandes responsáveis pelo desequilíbrio na microbiota íntima. Doenças causadas por outras bactérias, fungos, protozoários e vírus podem ter repercussões na saúde da futura mamãe e de seu filho.