Profissionais e instituições que fazem história
Apesar de uma porção de desafios, como falta de investimentos públicos, competição internacional acirrada e reveses impostos por mais de dois anos de pandemia e insegurança econômica, o Brasil tem com o que se orgulhar em matéria de ciência e saúde. A dedicação de um seleto grupo de profissionais prova que o país dispõe de capital humano e estrutural para transformar os cuidados com a população. E isso é a razão de existir do Prêmio Dasa de Inovação Médica com VEJA SAÚDE, que chega à sua quinta edição reconhecendo seis trabalhos com impactos profundos na vida dos cidadãos.
A ampliação do teste do pezinho para detectar falhas na imunidade, o uso de inteligência artificial aperfeiçoando o diagnóstico em cima de biópsias, um aplicativo para expandir o acesso a exames que flagram a perda auditiva, uma cirurgia que preserva a fertilidade de mulheres em tratamento contra o câncer, a criação de uma rede de internet de última geração visando a atendimentos médicos no SUS e uma startup de fisioterapia personalizada e baseada em evidências. Eis os projetos vencedores da principal premiação nacional voltada ao setor.
Eles foram escolhidos por um júri técnico após a análise de mais de uma centena de trabalhos. O time de jurados, formado por grandes nomes da ciência e da medicina brasileira, avaliou as iniciativas de acordo com cinco critérios: impacto, abrangência e aplicabilidade, grau de inovação, desenvolvimento de tecnologias e relevância acadêmica, clínica ou assistencial.
Com a média das notas atribuídas, a organização do prêmio chegou aos ganhadores, um por categoria, anunciados numa cerimônia virtual — assista no site ou no canal no YouTube de VEJA SAÚDE.
O trabalho laureado na categoria Inovação em Genômica é um exemplo do potencial e do alcance da ciência made in Brazil. De algo semeado no laboratório de pesquisas que hoje oferece seus frutos à sociedade em hospitais da rede pública. O troféu foi para a linha de estudos que permitiu incluir no teste do pezinho as imunodeficiências primárias. A última fase do projeto, conduzida pelo Instituto Pensi — Pesquisa e Ensino em Saúde Infantil, em São Paulo, validou uma metodologia desenvolvida por um imunologista brasileiro que já começa a ser aplicada na triagem neonatal de doenças genéticas em algumas cidades do país — e deverá chegar a todo o território, como estipula uma lei nacional.
Na categoria Inovação em Medicina Diagnóstica, o destaque foi o desenvolvimento de um programa de inteligência artificial que aperfeiçoa a capacidade de clínicas e hospitais realizarem a análise anatomopatológica de tecidos extraídos em biópsias. Desenvolvida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) na Bahia, a plataforma ajuda a suprir uma lacuna para esse tipo de diagnóstico: a falta de patologistas em áreas mais remotas do país.
A tecnologia também faz parte da solução apresentada por uma equipe de fonoaudiólogas da Universidade de São Paulo (USP): um aplicativo para tablet que permite realizar testes de capacidade auditiva. O recurso pode democratizar o acesso a um exame crucial para a identificação de déficits de audição na infância, evitando prejuízos ao desenvolvimento da criança. Não à toa, a invenção levou a categoria Inovação em Prevenção e Promoção à Saúde.
A engenhosidade marca o trabalho vencedor da categoria Inovação em Tratamento: uma cirurgia inédita para preservar a fertilidade de mulheres que precisam se submeter à radioterapia para combater um câncer pélvico. O procedimento, concebido por um cirurgião paranaense e feito em duas etapas, transpõe útero e vizinhanças de lugar por um tempo a fim de resguardá-los da radiação, e depois os devolve ao local original. Passou nas provas!
Em tempos em que se espera a internet 5G, um grupo do Instituto de Radiologia do Hospital das Clínicas da USP se adiantou às demandas e às dificuldades de acesso a uma conexão de primeira no Brasil para desenhar e testar uma rede especialmente projetada para atender o SUS. Daí o reconhecimento como projeto campeão em Inovação em Medicina Social.
E, num mundo em que a tecnologia está cada vez mais ligada ao ecossistema da saúde, o troféu de Inovação em Healthtech coube à Tato, uma startup que promove o conceito de fisioterapia inteligente, personalizando um atendimento adequado com o apoio de evidências científicas e ferramentas digitais. Agora fica o convite para você conhecer melhor e aplaudir cada um desses feitos. São de dar orgulho!