Aqui nesta coluna, já tratamos de (quase) todo tipo de vírus e vimos como eles são sempre interessantes, às vezes perigosos e um tanto elusivos. Mas existe um tipo de ser vivo bem menos conhecido, raramente detectado e de hábitos estranhos: os virologistas!
O primeiros virologistas foram o russo Dmitri Iosifovich Ivanovsky e o holandês Martinus Beijerinc, que entenderam que uma doença das folhas da planta do tabaco é causada por um micro-organismo tão pequeno que era o que sobrava após eles filtrarem um suco das plantas jogando fora as bactérias. Eles então deram a este micro-organismo um nome usado muito antes deles para descrever doenças com as mais diversas causas possíveis: vírus, o termo em latim para veneno.
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Se conseguirmos estudar de perto esses estranhos seres vivos chamados de virologistas, veremos que seu campo de atuação é imenso. A primeira imagem é de alguém em um superlaboratório olhando através do microscópio e cercado de equipamentos estranhos – mas essa cena não é sempre exata.
Virologistas, claro, gostam de laboratórios e é aí onde tentam entender a estrutura de um vírus, o que está “escrito” no seu genoma, quem são seus parentes virais mais próximos. É no laboratório que os virologistas investigam por onde os vírus entram nas células, como eles vivem lá dentro e que estragos podem causar. É ali também onde os virologistas testam modos de barrar os vírus com antivirais ou atrapalhar a infecção com vacinas.
E estamos aqui pensando não só em vírus que ameaçam a saúde dos seres humanos, mas também a de animais e plantas. Já imaginou se um vírus acabasse com a produção de tomates, alfaces, galinhas e por aí vai? Virologistas estão mergulhados de cabeça para evitar que isso aconteça.
Com a pandemia de Covid-19, a Virologia ganhou a atenção mundial. Ela participou da revelação da intimidade do coronavírus, do desenvolvimento a jato de vacinas e da descoberta de tratamentos antivirais.
Virologistas tomaram assento permanente na televisão, nas revistas, jornais, podcast e redes sociais para transmitir seu conhecimento. Claro, alguns migraram para o “lado escuro da Força”, quando transmitiram fakenews que “facilitaram a vida” dos coronavírus.
Como surgem os virologistas
Que caminho seguir para tornar-se um virologista? As vias mais tradicionais são ter uma graduação em áreas biológicas, como Biologia, Farmácia, Medicina Veterinária, Medicina e por aí vai, e estudar mais uns anos na Pós-Graduação, mergulhando fundo em um projeto de pesquisa e montanhas de artigos científicos e livros que orbitam a Virosfera.
Mas não para por aí: a expansão das áreas de pesquisas em Virologia para as que envolvem informática, nanotecnologia, métodos de diagnóstico e outras tantas atraiu para a Virologia profissionais com formação básica em Física, Química, Tecnologia, Matemática e Engenharia, só para dar alguns exemplos.
E para onde vão esses virologistas após se formarem? O mercado de trabalho inclui pesquisa e ensino em universidades e institutos de pesquisa. Tem também trabalho para virologistas em indústrias de vacina e medicamentos, agências governamentais e internacionais de saúde pública e de saúde animal e vegetal.
Alguns hospitais têm virologistas trabalhando no acompanhamento de tratamento de pacientes e na investigação de doenças.
E no Espaço, a fronteira final, também tem virologista! Bem, não literalmente na verdade, mas tem: A Astrovirologia (que não é uma palavra que acabei de inventar) é um ramo da Astrobiologia, o estudo da vida no Cosmos, que busca alcançar os vírus que podem estar pelo universo afora.
Então, quando encontrar um desses bichos esquisitos que chamamos de virologistas, não tenha medo em se infectar com conhecimento. Comece uma prosa, jogando iscas como: “E aí, de onde veio o Sars-CoV-2?” Ou: “Afinal, vírus são ou não seres vivos?”. Quando se der conta, a Virologia já vai estar no seu DNA!