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O economista Mohamed Parrini, mestre em filosofia e CEO do Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre, examina os progressos e desafios do ecossistema de saúde.

COP30: o plano brasileiro para reduzir impacto da crise climática na saúde

País apresentará na conferência uma proposta que integra a saúde nas discussões sobre o clima, reforçando o papel do país na agenda ambiental global

Por Mohamed Parrini
10 nov 2025, 04h00
cop-30-saude
Pauta da saúde tem ganhado espaço nas últimas edições da COP (Tânia Rêgo/Agência Brasil/Reprodução)
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A realidade nos deixa sinais que nem sempre sabemos decifrar. Estar atento a eles é parte da jornada de cada um de nós, seja na saúde, no trabalho ou nas relações. Com o aquecimento global, é ainda mais evidente: os sinais estão escancarados, e mesmo assim seguimos hesitando em reagir.

A COP30, que começa nesta segunda, 10, é a oportunidade de mudar essa história e colocar a saúde no centro do debate.

As mudanças climáticas não pertencem mais ao futuro distante — elas já se desenrolam diante de nós, transformando a forma como vivemos e adoecemos. Secas e enchentes deslocam multidões, a escassez de recursos redefine a geopolítica, e doenças infecciosas se expandem ignorando fronteiras.

O que está em jogo não é apenas a sobrevivência de indivíduos, mas a capacidade de uma civilização de compreender que cuidar do ambiente é cuidar de si mesma.

+Leia também: COP30: veja como a crise climática já afeta sua saúde

O ano passado nos trouxe um exemplo brutal deste cenário. As inundações de 2024 que atingiram o Rio Grande do Sul afetaram cerca de 90% das cidades do estado e impactaram mais de 2 milhões de pessoas, provando que a crise climática é também uma crise social e de saúde pública.

Vimos de perto o impacto na vida das pessoas, tanto de quem trabalha no hospital quanto de quem precisou usar nossos serviços.

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Bilhões vivem em vulnerabilidade climática

Mais de 3 bilhões de pessoas — quase metade da humanidade — vivem hoje em situação de vulnerabilidade climática, segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês).

Entre 2020 e 2023, os desastres climáticos aumentaram 250% no Brasil, castigando 92% dos municípios com secas, enchentes e tempestades. A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta para até 250 mil mortes adicionais por ano, entre 2030 e 2050, se não houver mudanças — decorrentes de desnutrição, malária, diarreia e estresse térmico.

Esse panorama exige mais que diagnósticos: requer ação imediata, liderança coordenada e responsabilidade compartilhada.

COP30, uma oportunidade

É este o cenário que a COP30 de Belém vai encontrar. Contudo, vejo uma janela de oportunidade para colocar a saúde no centro da agenda climática.

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Com base no que avançamos na última edição em Baku, podemos materializar um projeto que torne nossos sistemas de saúde mais resilientes, como o Plano de Ação em Saúde de Belém – proposta que o Brasil apresentará durante a Conferência, em novembro –, lançado pelo Ministério da Saúde no início de setembro.

Dentre as prioridades, o projeto traz soluções de vigilância em saúde, inovação tecnológica e fortalecimento de políticas multissetoriais.

+Leia também: 30 dias para a COP30: os esforços para fazer da saúde um tema central

Em linha com esses esforços, o Hospital Moinhos de Vento, por meio do PROADI-SUS, implementa em parceria com o Ministério da Saúde o projeto Recomeçar, que será tema de um dos painéis da COP30.

A iniciativa organiza o cuidado em saúde mental em cenários de e constitui uma resposta concreta e integrada aos impactos desses eventos sobre a população.

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Sua relevância é reforçada por dados da OMS, que indicam que cerca de 20% das pessoas desenvolvemproblemas emocionais após catástrofes climáticas — realidade evidenciada nas enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul.

Setor da saúde: parte do problema, parte da solução

E os desafios não param por aí. O setor de saúde responde por aproximadamente 5% das emissões globais de gases de efeito estufa e funciona 24 horas por dia, com elevado consumo de energia, água e insumos, além de significativa geração de resíduos.

Esse modelo pode ser reconfigurado sem abrir mão da qualidade e do cuidado. É possível adotar uma abordagem baseada em ciência, método e gestão para eliminar emissões de CO2, migrando para energia 100% renovável no mercado livre.

A substituição da matriz elétrica por energia eólica, complementada por solar, além de ser mais sustentável, gera economia. Também é possível um olhar mais apurado para o gerenciamento de resíduos: restos orgânicos viram adubo, plásticos e papéis retornam à cadeia produtiva, e TNT é convertido em aventais e sacolas — uma solução simples e que também evita custos.

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Mudar o modo de operar um setor tão desafiador não é simples, mas é urgente. Por isso, na COP30, a saúde precisa ocupar um lugar de destaque.

Porém, para que traga resultados concretos, é preciso que governos, instituições e cidadãos reconheçam o peso das tragédias climáticas recentes e assumam seu papel nesse processo. Só assim conseguiremos transformar a dor em aprendizado, a urgência em mobilização e a crise em oportunidade de construir um futuro mais sustentável para todos — pois a saúde das pessoas começa muito antes do cuidado da doença.

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