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O Fim das Dietas

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Antonio Lancha Jr, professor expert em atividade física e nutrição da USP e autor de livros como "O Fim das Dietas", ensina como emagrecer sem cair em promessas furadas
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Dieta cetogênica: razão ou crença?

O regime que privilegia gordura e proteína em detrimento dos carboidratos é esmiuçado por um expert em emagrecimento saudável

Por Professor Antonio Herbert Lancha Jr.
Atualizado em 6 abr 2020, 10h58 - Publicado em 29 ago 2017, 18h30
cetogenica
A dieta cetogênica está na moda. Mas na verdade existe há muito tempo (Foto: Dulla/SAÚDE é Vital)
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Outro dia estava treinando na academia quando, de repente, senti um cheiro forte. Me aproximei do aparelho que iria usar e percebi que o odor vinha dali. Ou melhor, do senhor que estava se exercitando bem nessa máquina. Eu pedi para revezar e ele respondeu monossilabicamente: “tá”. O cheiro de cetose e o mau humor exalavam desse senhor.

Nessa história descrevi, com fatos reais, o que acontece quando privamos a nossa alimentação das fontes de carboidrato, um pilar da dieta cetogênica. Mas se esse cardápio pra lá de restritivo deixa as pessoas assim, então porque tantos leigos e profissionais o defendem? Vamos começar pelo começo.

A dieta cetogênica surgiu nos primeiros anos do século 20, como um tratamento para pacientes com crises convulsivas. Ora, a menor disponibilidade de glicose no sangue, nutriente preferencial do nosso cérebro, reduz a frequência e a intensidade das crises. Mas vou reforçar o que acabei de escrever: a glicose é o nutriente preferencial do nosso cérebro. Ou seja, para quem não sofre de condições neurológicas específicas, a limitação dela chega a abalar a cognição (se não conseguir ficar atento a esse texto, talvez seja falta de glicose).

Enfim, depois disso a dieta cetogênica recebeu vários nomes e sobrenomes diferentes, ganhando popularidade. Sua fama de perda de peso rápida se alastrou – e, de fato, ela promove uma diminuição acelerada nos números da balança. Só que isso não tem nada a ver com queima de gordura.

Acompanhe comigo: a privação de carboidratos reduz nossos estoques de glicogênio, que é a forma como a glicose se armazena nos músculos e no fígado. Para ser estocado, o glicogênio precisa se ligar a moléculas de água, que pesam. Portanto, ao riscar o carboidrato do cardápio e consumir mais alimentos ricos em gordura e proteína, o peso diminui rapidamente mesmo.

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Mas não se iluda. Essa redução ocorre pela perda de massa magra (músculos e água). A gordura corporal segue ali, intacta. Na prática, perde-se peso engordando.

E aquela história de que, ao ingerir mais gordura, forçamos nosso corpo a queimar mais gordura? De fato isso também ocorre, porém a conta final não fecha. Em resumo, a quantidade de gordura ingerida supera em muito a quantidade total de gordura queimada.

Resultado final da dieta cetogênica: perdemos músculos (e o peso dele), perdemos o humor e nos frustamos, porque essa privação não é sustentável.

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Recentemente, uma publicação da PNAS mostrou esse fato cientificamente. Os cientistas testaram duas alimentações, sendo uma com predomínio de fontes de carboidrato e outra com menor proporção. Foi testada a capacidade de tomada de decisões após essas duas situações. Ao final, ficou destacado que a menor ingestão de carboidratos torna as pessoas mais vulneráveis às opniões alheias.

Ou seja, você perde suas convicções. É como se o cérebro implorasse: “resolva logo essa disputa e vá comer, de preferência um doce”.

Se a dieta cetogênica for sua escolha por alguma crença, lembre-se de que a fé não requer provas. Agora, se for por uma razão específica, como emagrecer de verdade, fique atento aos fatos acima. E boa escolha!

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