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Médicos, nutricionistas e outros profissionais da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp) explicam as novas (e clássicas) medidas para resguardar o peito
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Outubro também é o mês das mulheres cuidarem do coração

Há um risco sete vezes maior de mulheres morrerem por infarto do que por câncer de mama. No Outubro Rosa, veja o impacto das doenças cardiovasculares nelas

Por Lilia Nigro Maia e Ieda Jatene, cardiologistas*
Atualizado em 6 out 2020, 16h50 - Publicado em 6 out 2020, 12h21
infarto em mulher outubro rosa
O Outubro Rosa também chama atenção para a saúde feminina em geral, que engloba o coração. (Ilustração: Ana Cossermelli/SAÚDE é Vital)
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É como um tiro com arma dotada de silenciador: você fica atônito, buscando uma razão que justifique o tamanho do estrago. “Eu não sentia nada”, costumam justificar as pessoas que sofrem um infarto. Não sentia, mas, na maioria dos casos, havia algo muito errado chamado colesterol descontrolado.

O colesterol total é considerado fora dos limites normais quando é igual ou superior a 190 mg/dL e (ou) o colesterol bom (HDL) está abaixo de 40 mg/dL. O excesso de colesterol no sangue forma placas que se acumulam nas paredes das artérias, causando a chamada aterosclerose. As artérias ficam mais estreitas, fazendo com que o fluxo sanguíneo para o coração seja retardado ou bloqueado. Esse processo não costuma trazer dor outros sintomas claros, mas pode culminar em um ataque cardíaco.

Infelizmente para as mulheres, as más notícias não terminam aí. O risco de morte por infarto é 50% maior entre elas do que para homens. Uma em cada cinco mulheres está sujeita a apresentar esse problema. Segundo o Ministério da Saúde, doenças cardiovasculares são a principal causa de morte entre as brasileiras, sendo que o AVC (acidente vascular cerebral) é o grande vilão, seguido de perto pelo infarto.

Dados da Organização Mundial de Saúde assinalam as doenças cardiovasculares como responsáveis por um terço de todas as mortes de mulheres no mundo, o equivalente a 8,5 milhões de óbitos por ano (mais de 23 mil por dia). Estatísticas da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp) atestam que, em 60 anos, a proporção de mortes por doenças cardiovasculares no sexo feminino aumentou 37% no nosso país.

Além das causas comuns a ambos os sexos — fator hereditário, hipotireoidismo, diabetes descontrolado, obesidade, insuficiência renal, alcoolismo e sedentarismo — as mulheres devem se preocupar com as alterações hormonais. Na menopausa, há uma queda na concentração do estrogênio, que está associada a um aumento do colesterol.

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Como se não bastasse, as tais placas de gordura tendem a fechar mais as artérias femininas. Isso torna a obstrução mais grave.

Outras situações de risco ocorrem durante a gestação. Há doenças próprias desse período que afligem o músculo cardíaco, como a pré-eclâmpsia e eclâmpsia, a hipertensão gestacional e a miocardiopatia periparto. No mais, problemas no coração pré-existentes podem se agravar durante a gravidez e serem danosos para a mãe e o bebê. O uso de anticoncepcional ou a combinação desse medicamento com o hábito de fumar também eleva o risco de infarto ou AVC.

O estresse – outro fator que prejudica o coração – também é mais presente no universo feminino, segundo a pesquisa Saúde Cardiovascular da Mulher Brasileira, feita pela Socesp em parceria com a Fundación Mapfre. Não é para menos: jornadas exaustivas de trabalho, criação dos filhos e a administração da rotina doméstica, via de regra, acabam ficando a cargo das mulheres.

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A sintomatologia das doenças cardíacas femininas costuma ser diferente do que se observa no sexo oposto. Homens tendem a referir forte dor no peito, que irradia para os braços. Já elas sentem náusea, fraqueza, dores gástricas, sudorese e falta de ar. Na correria do dia a dia, esses sintomas podem passar despercebidos ou serem atribuídos a diagnósticos menos graves.

Doenças cardiovasculares matam duas vezes mais que todos os tipos de câncer. Segundo levantamento da Socesp, há um risco sete vezes maior de morte por infarto agudo do miocárdio do que por câncer de mama. Porém, a falta de conhecimento sobre essa realidade implica em menor compromisso das mulheres com o controle dos fatores de risco que levam ao infarto e ao AVC. Em outubro, a iniciativa Socesp Mulher promove a campanha “Nós cuidamos do seu coração”, onde alertamos sobre a necessidade de consultas ginecológicas periódicas para evitar, entre outros, o câncer de mama, o mais comum entre mulheres, mas sem esquecer que cuidar do coração também é essencial.

A frase a seguir é batida, mas válida: prevenir sempre é melhor do que remediar, inclusive para os fatores que favorecem o descontrole do colesterol e o consequente aumento de problemas cardíacos entre as mulheres. A subida das taxas de colesterol na menopausa, por exemplo, tem tratamento médico.

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Obesidade, sedentarismo e má alimentação também devem ser combatidos. Os exercícios, que aliviam até o estresse, aumentam de 20% a 40% a proteção contra patologias cardiovasculares. Apesar disso, uma pesquisa da Socesp mostrou que apenas 30% das entrevistadas praticam atividade física regularmente.

Alimentação balanceada, com ingestão diária de frutas, legumes e verduras, reduz em 30% o risco de infarto, de acordo com a mesma pesquisa. Mas só 58,8% das respondentes consumiam esses alimentos diariamente.

Iniciativas simples e ao alcance de todas precisam ser consideradas na rotina antes de qualquer outra obrigação, seja de trabalho, seja familiar. Porque a saúde é a mola propulsora de todas as atividades cotidianas. Sem ela, todo o resto perde o equilíbrio.

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* Lília Nigro Maia é cardiologista, diretora de Qualidade Assistencial da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo – Socesp, professora adjunta de Cardiologia da Faculdade de Medicina de Rio Preto e diretora médica do Centro Integrado de Pesquisa (CIP)

*Ieda Jatene é cardiologia, assessora científica da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo e coordenadora do Serviço de Cardiopatias Congênitas e Cardiologia Pediátrica do Hospital do Coração (HCor).

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