O sódio, na medida certa, é necessário ao organismo humano. Juntamente com o potássio, ele contribui para manter o equilíbrio da quantidade de água nas células e o fluxo de sangue normal. No entanto, seu consumo em excesso está relacionado ao aumento no risco de doenças crônicas, como hipertensão e problemas cardiovasculares e renais, responsáveis por 63% das mortes no mundo e 72% desse índice no Brasil. O alerta é do Ministério da Saúde. Um terço desses óbitos ocorre em pessoas com idade inferior a 60 anos.
É preciso ter consciência desses dados, uma vez que o sódio está presente diariamente em nossa dieta. Em casa, nós o consumimos na forma de cloreto de sódio, o popular sal de cozinha. Mas lembre-se de que o mineral também é utilizado na grande maioria dos alimentos industrializados. Por isso, é preciso vigilância no cardápio doméstico e também na hora de escolher os produtos que se leva para casa.
A questão é tão séria que motivou um acordo, em 2011, entre o Ministério da Saúde e a indústria alimentícia. Como resultado, sabe-se que, até agora, foram retiradas 14,89 mil toneladas de sódio dos produtos industrializados. A meta é a redução de 28,56 mil toneladas até 2020. Entretanto, o mineral continuará sendo utilizado. Por isso, antes de se comprar um alimento industrializado, deve-se optar por itens nos quais ele esteja menos presente. A leitura do rótulo, portanto, é crucial.
Para se ter ideia mais precisa da quantidade de sódio a ser consumida, saiba que a Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Sociedade Brasileira de Hipertensão recomendam a ingestão diária máxima de 2 gramas, o equivalente a 5 gramas de cloreto de sódio — isto é, até 3 colheres de café rasas de sal de cozinha. Os brasileiros, contudo, extrapolam em muito essa média, com índice diário de 12 gramas de sal. É mais do que o dobro!
É importante que todos tenham consciência do impacto que a diminuição do sódio pode exercer em nossa saúde. Se seguíssemos as recomendações atuais, reduziríamos em 15% as mortes por acidentes vasculares cerebrais e em 10% os óbitos por infarto.
Vale ressaltar que a adoção de um novo estilo de vida, com consumo reduzido de sal, depende exclusivamente da atitude de cada cidadão — e isso se estende às nossas famílias e aos nossos filhos, sobre os quais, aliás, temos imensa responsabilidade. Vale a pena o esforço? Claro que sim! Com certeza, a vida com menos sal é muito mais saborosa.
* Dra. Marcia Gowdak é nutricionista e diretora científica do Departamento de Nutrição da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp).