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O Futuro do Diabetes

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Carlos Eduardo Barra Couri é endocrinologista, pesquisador da USP de Ribeirão Preto e criador do Endodebate e do Diacordis. Aqui ele mapeia os cuidados e os avanços para o controle do diabetes
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Ramadan e diabetes: a relação médico-paciente faz a diferença

O jejum típico desse momento importante do calendário muçulmano pode afetar o tratamento e o controle da glicemia. Mas há como contornar a situação

Por Carlos Eduardo Barra Couri
Atualizado em 13 abr 2021, 15h43 - Publicado em 13 abr 2021, 15h37
Foto de ícones ligados ao Islamismo.
O jejum do Ramadan pode alterar a glicemia de pessoas com diabetes. (Foto: Abdullah Arif/Unsplash/Divulgação)
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Muitas pessoas, inclusive no Brasil, iniciaram o Ramadan, que vai do 13 de abril até o 12 de maio de 2021. Este período equivale ao nono mês do calendário muçulmano e é muito especial para a reflexão e a devoção divina. Só tem um fator do Ramadan que pode impactar no diabetes: o jejum do nascer até o pôr do sol (ou seja, de aproximadamente 12 horas).

Esse jejum deve ser total, evitando-se ingestão de alimentos, líquidos, balas, cigarros etc. Usualmente, as pessoas acordam antes do nascer do sol para tomar um café da manhã que antecede o período de jejum. Assim que a noite cai, é feita outra refeição, muitas das vezes em família. Destaca-se o fato de que as atividades diárias de trabalho ou de estudo geralmente permanecem inalteradas.

Não dá para negar que isso impõe um desafio para o controle da glicose. Imagine uma pessoa que usa insulina e fica cerca de 12 horas em jejum… Sem cuidados específicos, há um risco enorme de hipoglicemia!

E pense agora naqueles indivíduos que, à noite, acabam descontando a fome com pratos exageradamente grandes. Aí a glicemia vai às alturas. Em quem possui compulsão alimentar, o jejum pode ser um gatilho para a alimentação excessiva.

Conclusão: o Ramadan é um período em que os hábitos alimentares das pessoas com diabetes mudam muito, com risco de redução de glicose (hipoglicemia) ao longo do dia e aumento à noite.

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Felizmente, o tratamento dessa doença evoluiu ao longo dos anos. Temos medicamentos orais e injetáveis que exercem seu efeito 24 horas por dia (ou até mesmo com duração semanal), e que possuem risco baixíssimo de hipoglicemia, mesmo com jejum prolongado. As insulinas de longa duração, com duração de 24 horas, também possuem risco cada vez menor desse problema.

Existem, porém, pessoas que usam remédios mais antigos, como as chamadas sulfoniluréias, em que probabilidade de hipoglicemia aumenta, especialmente no Ramadan. E há também insulinas mais antigas, como a NPH e a regular, que exercem o mesmo efeito.

Uma estratégia importante durante esse período de jejum é fazer um número maior de medições da glicose ao longo do dia, para acompanhar a evolução do controle do diabetes. Frequentemente, são feitos ajustes nas doses dos medicamentos ao longo do mês de Ramadan.

Ou seja, uma boa relação médico-paciente se faz ainda mais relevante nesse período. O contato e troca de informações é fundamental para o sucesso no tratamento do diabetes nesse mês tão especial e abençoado.

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