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O Futuro do Diabetes

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Carlos Eduardo Barra Couri é endocrinologista, pesquisador da USP de Ribeirão Preto e criador do Endodebate e do Diacordis. Aqui ele mapeia os cuidados e os avanços para o controle do diabetes
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Inédito: primeira terapia celular para diabetes da história é aprovada

Agência regulatória dos EUA libera primeiro tratamento baseado na transposição de células capaz de levar ao controle do diabetes tipo 1 sem insulina

Por Carlos Eduardo Barra Couri
Atualizado em 29 jun 2023, 13h25 - Publicado em 29 jun 2023, 12h59
Novo tratamento consiste no implante de células que produzem insulina no corpo do paciente.
Novo tratamento consiste no implante de células que produzem insulina no corpo do paciente. (Ilustração: Veja Saúde/SAÚDE é Vital)
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28 de junho de 2023. Uma data histórica para quem estuda o diabetes ou convive com a doença. A FDA, agência que regula tratamentos médicos nos Estados Unidos, acaba de aprovar a primeira terapia celular para pessoas com diabetes tipo 1.

Trata-se de algo inédito. O procedimento em questão, chamado donislecel, consiste no implante de grupos de células maduras do pâncreas, extraídos de cadáveres, na veia porta do fígado dos pacientes. Como se fizessem um puxadinho para ter uma fábrica alternativa de insulina, o hormônio que faz o açúcar ser utilizado pelo corpo.

A tecnologia criada pela empresa Cell Trans Inc. torna as ilhotas (o grupo de células produtoras de insulina) mais purificadas, permitindo que sejam usadas menos unidades do que fora testado em outras pesquisas e garantindo maior segurança ao método.

No principal estudo clínico pré-aprovação, foram incluídas 30 pessoas adultas com diabetes tipo 1 que tinham grande descontrole da glicose e recorrentes hipoglicemias graves. Os cientistas fizeram ao menos um e no máximo três implantes de ilhotas no experimento, que não teve grupo controle pela sua natureza.

Segundo a empresa responsável pelo donislecel (cujo nome comercial é Lantidra), das 30 pessoas estudadas, 25 pararam de utilizar insulina em algum momento, variando de um a mais de cinco anos sem o medicamento. Apenas cinco pessoas não suspenderam o uso do hormônio. Resultados significativos.

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O diabetes tipo 1, que corresponde a até 10% dos casos de diabetes, é uma doença autoimune, ou seja, o sistema imunológico destrói as células produtoras de insulina, e o paciente fica dependente de injeções do hormônio.

Desse modo, é de esperar que, nesses indivíduos que receberam ilhotas de doadores mortos, a imunidade possa tentar atacar as células recém-transplantadas. Por essa razão, é necessário um esquema com remédios imunossupressores no momento da infusão e também no longo prazo para impedir a rejeição das novas ilhotas implantadas.

+ LEIA TAMBÉM: Vem aí a insulina semanal!

Felizmente, a grande maioria dos voluntários conseguiu ficar livre dos eventos trágicos de hipoglicemia ao longo do estudo, e exames mostram que as ilhotas transplantadas conseguiram fabricar mais insulina com o tempo. Bom sinal!

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Nos Estados Unidos, a indicação da terapia celular será, a princípio, para pessoas adultas, com diabetes tipo 1 e que estão com descontrole glicêmico e, ao mesmo tempo, apresentam vários episódios de hipoglicemia valendo-se do tratamento convencional.

Ainda é precoce afirmar que tais pacientes estão curados. E tampouco sabemos quando o novíssimo tratamento estará disponível em caráter comercial e seu custo. Também não temos informações sobre um pedido de submissão e aprovação pela Anvisa no Brasil.

De qualquer forma, é um avanço e tanto na história do diabetes.

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