Ao longo do ano, um médico geralmente está em contato direto com o paciente por algumas poucas horas. Para garantir a efetiva continuidade dos na imensa maioria do tempo, portanto, ele depende de uma parceria estreita, o que é um desafio.
É claro que, na pediatria, essa sinergia pode ser amplificada pelo cuidado ser destinado ao maior tesouro da família. Por outro lado, nos primeiros anos de vida, há limitações de comunicação, então os pais e responsáveis precisam intermediar essa relação entre o médico e o paciente.
Esse relato “por procuração” está sujeito à habilidade de percepção e até emocional dos pais.
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Não é incomum que, após um contato inicial por telefone com o médico devido a um sinal ou sintoma ainda não alarmante, a família prefira que o profissional examine pessoalmente o bebê.
Nesse momento, mais do que julgar a insegurança dos pais, o pediatra precisa oferecer acolhimento e aproveitar a oportunidade para educar e evitar visitas desnecessárias no futuro. Isso otimiza a eficiência dessa relação, cujo objetivo é proteger a criança.
A forma de trazer informações para o cuidado da criança também merece atenção. Certa vez me contaram de um caso em que, por deficiência do hormônio que ajuda a controlar a quantidade de urina que fazemos, a criança precisava ter a ingestão de água controlada.
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Então os pais foram orientados da seguinte forma: “a criança só pode beber o que fizer de xixi”. Eis que ela voltou na consulta seguinte reclamando que estavam tentando fazê-la beber a urina!
Parece absurdo, mas é verdade e mostra que a transmissão de informação pelo médico para os pais deve ser clara e detalhada. O médico contemporâneo está acostumado a trabalhar em equipe multiprofissional – e el deve considerar os pais e responsáveis como membros essenciais dessa equipe.
O ano de 2023 trouxe à tona, por meio da prova do ENEM, a questão da invisibilidade do trabalho de cuidar realizado pelas mulheres na sociedade. Na área da saúde infantil, convive-se frequentemente com a disparidade de cuidado entre pais e mães.
Até por isso, para o pediatra, o reconhecimento do trabalho da mãe é essencial, uma vez que ele depende desse esforço para proporcionar um cuidado adequado.
A atuação dessas mulheres é uma extensão da ação do pediatra – e potencializada por estar envolto em amor materno. Com escuta ativa do médico e orientação, estabelece-se confiança mútua, crucial para a melhor performance em prol da criança.
De forma objetiva, algumas oportunidades de cuidado conjunto desde o início da vida são mencionadas abaixo:
- Observação atenta do sono, alimentação e hábitos
- Acompanhamento da evolução dos marcos de desenvolvimento
- Registro de informação para uso futuro em eventual surgimento de doenças na vida adulta (como peso ao nascimento, tamanho e idade da primeira menstruação)
- Relato instruído dos sintomas como pistas para um diagnóstico mais preciso
- Cumprimento das recomendações médicas
- Orientação prévia para busca de atendimento em situações de urgência, identificando sinais de alerta de maneira oportuna e segura
Esses elementos favorecem a abordagem colaborativa que fortalecem o conhecimento da família, capacitando-os a tomar decisões informadas. Isso beneficia não apenas os pais, mas também a criança.