Os pais encaram um monte de questões ao dar banho nos filhos. Qual a maneira certa de segurar a criança? Qual a temperatura ideal da água? Como posicionar a banheira? Quanto tempo o banho deve durar? Sem falar na escolha dos produtos, como xampu e sabonete, já que devemos evitar irritações e outros problemas de saúde. Vale lembrar que a pele das crianças é mais sensível e ainda está em desenvolvimento.
A temperatura da água deve estar próxima à temperatura corporal (entre 37 e 37,5 °C). Isso ajuda a preservar a camada de proteção da pele, tão importante na defesa contra bactérias, fungos e outros micro-organismos. Afinal, a pele é o nosso primeiro escudo contra as agressões do meio ambiente. Ela funciona como um grande anticorpo, já que nos resguarda de infecções e desidratação, além de regular a nossa temperatura.
Essa estrutura é rica em água e gorduras que, junto com outras substâncias, são essenciais para o seu correto funcionamento e a nossa proteção. Por isso, quando se trata de zelar pelo maior órgão do nosso corpo, todo cuidado é pouco. Nesse sentido, o tempo de banho e a temperatura da água são tão importantes quanto a escolha dos produtos usados na infância.
É importante reforçar que a pele da criança é muito diferente da do adulto, pois é mais fina, com menos gorduras e, principalmente, porque absorve muito mais produtos químicos – como pomadas, cremes, remédios tópicos e cosméticos. Na adolescência, a pele já começa a ficar parecida com a dos mais velhos, porque apresenta uma camada gordurosa mais competente devido ao estímulo dos hormônios.
Escolhendo o xampu infantil
Em primeiro lugar, esse produto não é indicado no período neonatal (ou seja, nos primeiros 28 dias de vida). Depois disso, a escolha do tipo varia de acordo com as preferências individuais e culturais – mas sem perder de vista todos os fatores citados anteriormente.
Não existem fórmulas pediátricas padronizadas, porém, aqueles produtos que apresentam o pH neutro ou próximo ao da lágrima (pH 7,2) são adequados para o uso em crianças, uma vez que não removem as gorduras – a chamada camada hidro-lipídica.
Além de não alterarem o manto ácido da pele, tão essencial para o seu funcionamento, há outras características importantes para um agente de limpeza para a idade pediátrica: ser mais viscoso, dificultando que escorra nos olhos; ter em sua composição um surfactante suave, aquela substância capaz de remover as gorduras e fazer espuma; e não causar alteração do pH da pele.
Além disso, não pode produzir irritação da pele ou dos olhos nem conter perfumes ou colorantes alergênicos. A fórmula deve ser química, fisicamente estável e, acima de tudo, chancelada pela Anvisa.
Ao seguir essas orientações, é possível garantir um banho gostoso e divertido, que resultará em uma pele e um cabelo saudáveis – sem a chateação de irritações e outros problemas de saúde.
*Selma Hélène é presidente do Departamento de Dermatologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP).