As alergias respiratórias mais comuns em crianças e adolescentes são a rinite alérgica, caracterizada por entupimento nasal, coceira, espirro e sensação de nariz escorrendo, e a asma, que se manifesta com chiado no peito, tosse e falta de ar. Às vezes, a criança com asma só apresenta tosse persistente ou um aperto no peito após a prática de exercícios.
As doenças alérgicas ocorrem principalmente em pessoas com predisposição genética. Elas apresentam vários sintomas ao entrar em contato com determinadas substâncias no ambiente, caso da poeira. Como pode ser difícil diferenciar as manifestações de uma alergia respiratória daquelas decorrentes de um resfriado, em algumas ocasiões é necessária uma avaliação médica.
Na realidade, alguns fatores podem causar ou piorar as reações alérgicas, como viroses, pó (contendo substâncias liberadas por ácaros, baratas e animais domésticos) e bolor. A fumaça e os odores do cigarro também têm um papel prejudicial aqui.
Poucas regiões do Brasil apresentam estações do ano bem definidas. Mesmo assim, entre março e setembro, nas regiões Sul, Sudeste e em parte do Centro-Oeste, as temperaturas médias ficam mais baixas. O frio, por sua vez, faz com que as pessoas permaneçam mais tempo em ambientes fechados, o que eleva a circulação de vírus e o contato com substâncias potencialmente nocivas.
Alguns procedimentos simples ajudam a evitar a ocorrência ou a piora de sintomas de alergia nos dias mais frios. São eles: evitar aglomerações excessivas e lavar as mãos com frequência, principalmente após o contato com pessoas em lugares públicos. Também é fundamental consultar o pediatra sobre a indicação da vacina da gripe, sobretudo no caso de portadores de asma.
Nas residências com crianças alérgicas, sugerimos evitar carpetes ou cortinas de pano que acumulam poeira, especialmente nos quartos. Como os ácaros se multiplicam no interior dos colchões, devemos promover uma espécie de barreira, usando capas plásticas impermeáveis — o mesmo cuidado vale para os travesseiros.
As roupas de cama devem ser lavadas semanalmente com água quente (acima de 56 ºC). É prudente evitar cobertores de lã.
Remover lixos, não deixar papéis acumulados e dedetizar a residência para o controle de insetos, principalmente baratas, são outras medidas a serem tomadas. Também não recomendamos que animais domésticos frequentem os quartos. Por falar neles, é imprescindível que sejam mantidos limpos, com banhos semanais. A exposição ao cigarro ou à sua fumaça precisa ser vetada.
As oscilações da umidade de ar também representam um problema. No tempo seco, as defesas naturais das vias aéreas ficam prejudicadas. Daí a importância de mantê-las umidificadas e desobstruídas. Para tanto, devemos beber bastante líquido e usar o soro fisiológico nasal.
Domicílios com aquecimento tendem a diminuir a umidade do ar. Nesse caso, indicamos o uso de um umidificador por períodos curtos e sempre observando a presença de bolores. Se houver aparelho de ar-condicionado, é preciso verificar, de tempos em tempos, a manutenção dos filtros. Nos locais mais úmidos, por sua vez, há o risco do aumento dos bolores. Portanto, devemos inspecionar as paredes e corrigir eventuais vazamentos e áreas de infiltração de água.
Em resumo, os princípios gerais de higiene e bem-estar no domicílio são especialmente válidos no contexto de temperaturas mais baixas, época em que necessariamente as pessoas ficam mais tempo em ambientes fechados. Com esses cuidados, o convívio e o aconchego familiar poderão ser desfrutados por todos.
* Dra. Vera Esteves Vagnozzi Rullo é pediatra e presidente do Departamento de Alergia da Sociedade de Pediatria de São Paulo
Dr. Marcos Tadeu Nolasco é pediatra e vice-presidente do Departamento de Alergia da Sociedade de Pediatria de São Paulo