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“Depois de anos com diabetes tipo 1, descobri uma doença renal crônica”

Portadora da condição autoimune conta como convive com ela e com uma de suas principais complicações, a doença renal crônica

Por Mônica Valle, portadora de DM1 e DRC*
2 ago 2024, 10h09
diabetes tipo 1
Complicações do diabetes do tipo 1, como cegueira e amputação, são irreversíveis e tiram, em média, 33 anos de vida saudável dos pacientes. (Ilustração: Barbara Dantas/SAÚDE é Vital)
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Me chamo Mônica Valle, nasci e cresci em Aracaju/SE, tenho 48 anos e aos 19 anos recebi o diagnóstico de diabetes mellitus tipo 1 (DM1),  em dezembro de 1995, há 29 anos.

Por meus avós paternos e maternos terem diabetes, minha mãe percebeu os sintomas rapidamente. Eu passei a sentir aumento da fome, perda de peso, bebia muita água e levantava muitas vezes na madrugada para fazer xixi. Fizemos o exame só para confirmar o diagnóstico.
Não deu outra: glicemia em jejum de 238mg/dl.

De imediato, marcamos consulta com o endocrinologista Raimundo Sotero, cujo trabalho já conhecíamos, repetimos o exame e confirmamos o diagnóstico. Primeira ação: tomar insulina. Minha mãe caiu aos prantos, e me lembro de perguntar porque estava chorando, já que eu que teria que tomar as injeções.

O médico me deu uma aula sobre diabetes e, depois da consulta, iniciei o acompanhamento com uma nutricionista e uma enfermeira, que também me ajudaram bastante no processo. Ter uma equipe multidisciplinar realmente é muito importante.

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Ainda jovem, participei a convite do Dr. Sotero de uma colônia de férias para crianças e adolescentes com diabetes. Com poucos dias de diagnóstico, conheci muita gente com a doença e foi libertador! Percebi, então, que queria ajudar outras pessoas, visto que metade dos portadores não sabe que tem a condição.

Me engajei na causa passando a ser voluntária nos mutirões de detecção em diabetes que até hoje o Dr. Sotero realiza.

+ Leia também: Diabetes tipo 1: a vida de milhares de brasileiros está em risco

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É importante falar que o diabetes nunca me impediu de fazer nada. Concluí minha faculdade, trabalhei como professora de inglês por muitos anos, toquei em uma banda musical de desfile cívico por 26 anos e sempre dizia que tinha a condição, explicando o que deveriam fazer seu eu tivesse uma hipoglicemia, ou qualquer outra emergência.

O segundo diagnóstico

Tudo ia bem, até que em julho de 2012,  comecei a sentir muitas dores nas costas, insuportáveis! Fui ao hospital, recebi o diagnóstico de infecção urinária e já fiquei internada. Este período durou 19 dias, e, a partir desse momento, as coisas mudaram.

Mesmo internada, com acompanhamento médico, minha glicemia chegou a quase 500mg/dl, o que nunca tinha acontecido. Com a glicemia controlada e a infecção urinária resolvida, recebi alta médica. Percebi que meu pé esquerdo estava bem inchado, mas pensei que poderia ser pelos 19 dias que passei acamada.

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Um mês depois, nada mudou. As pessoas me falavam que poderia ser algum problema no rim. Fui 3 vezes a uma nefrologista, que pediu que eu realizasse apenas uma ultrassonografia. Esse exame, que não apresentou alterações, não é o bastante para avaliar a saúde do órgão. É preciso fazer dosagens de creatinina, proteinúria e microalbuminúria, mas a médica disse que não havia essa necessidade.

Então precisei ir ao oftalmologista e ele me solicitou um exame com contraste. Um médico amigo da família pediu um exame de clearance de creatinina (teste que ajuda a entender a taxa de filtração do rim). O resultado veio super alterado, e não fui autorizada a usar o contraste.

Fiz, enfim, os exames necessários. E assim, depois de anos convivendo com a diabetes tipo 1, recebi o diagnóstico de doença renal crônica. Acompanhamos a evolução do quadro por 5 anos, até que, em fevereiro de 2019, precisei começar a fazer hemodiálise.

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Vida na hemodiálise

Desde então, passo às segundas, quartas e sextas-feiras conectada a uma máquina por 4 horas.

Hoje a considero minha melhor amiga, porque ela faz o trabalho do meu rim, especialmente o de limpar as toxinas do sangue. Mas o início não foi fácil. Passei mal muitas vezes, cheguei a desmaiar em casa, precisei de transfusão de sangue, devido à anemia, tive enjoos, náuseas, hipotensão….

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Mas hoje, graças a Deus, as sessões são mais tranquilas, e dificilmente passo mal. Continuo exercendo meu trabalho voluntário na Associação Sergipana de Apoio ao Diabético (ASPAD), o que me deixa muito feliz e realizada. Ali, tenho a oportunidade de conversar com as pessoas e falar da importância de manter a glicemia controlada para evitar as complicações, como a renal.

E tem uma frase que sempre falo: a hemodiálise não é o fim do mundo, e sim uma nova chance de viver!

Complicações do diabetes

Com a ASPAD, me envolvi com a organização Vozes do Advocacy em Diabetes e Obesidade, que promove o diálogo entre diferentes atores da sociedade em prol da conscientização sobre estes problemas e da elaboração de melhores políticas públicas.

Lançamos agora a Campanha Complicações do Diabetes. A iniciativa tem como objetivo alertar as pessoas sobre as consequências do diabetes descontrolado, além de ampliar o diálogo sobre a atenção integral ao paciente e a adesão ao calendário especial de vacinação.

O minidocumentário também reforça o trabalho realizado pelas associações de pacientes, institutos e pela Coalizão Vozes do Advocacy na promoção da educação e do acesso à informação sobre a condição.

*Mônica Valle, de 48 anos, portadora de diabetes tipo 1 e doença renal crônica, de Aracaju/SE

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