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O que está por trás do mau hálito e como se livrar dele

Dentista desmistifica as principais causas da halitose e as melhores formas de combatê-la

Por Dra. Rosilene Uliana*
Atualizado em 6 nov 2019, 19h06 - Publicado em 21 nov 2017, 15h37
o que fazer para controlar o bafo
A halitose afeta muita gente, mas, entendendo o que a causa, dá pra controlar. (Ilustração: Fido Nesti/SAÚDE é Vital)
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O olfato é poderoso. É o sentido que mais ligamos a memórias e emoções. Imagine, no entanto, se essa lembrança for negativa, como um odor relacionado ao mau hálito. Pois é, para 40% da população brasileira esse risco é real. De acordo com a Associação Brasileira de Pesquisas dos Odores Bucais, quatro em cada dez pessoas por aqui sofrem desse problema.

Diferentemente do que se escuta, a halitose, nome correto da disfunção, não está sempre ligada a desordens estomacais. Na maior parte das vezes, entre 90 e 95% dos casos, o transtorno vem da cavidade bucal mesmo. Daí que o profissional mais indicado para avaliar e tratar a condição é o cirurgião-dentista.

As causas da halitose

Profissionais e pesquisadores já identificaram mais de 40 causas para o mau hálito. Já sabemos que a higiene bucal inadequada é um agravante para o problema, pois permite que restos de alimentos se acumulem entre os dentes, na língua e na gengiva. Essa concentração de resíduos faz com que as bactérias que já existem naturalmente na boca dissolvam as partículas de alimentos e, assim, liberem substâncias com forte odor.

Outro fator que acarreta halitose é a chamada saburra lingual, camada branco-amarelada que se deposita na superfície da língua. Formada por restos de comida, bactérias e células descamadas da boca, a saburra em si é um acontecimento normal. Só que, quando se acumula e permanece no fundo da língua, passa a representar uma encrenca. As bactérias presentes ali se aproveitarão dos resíduos alimentares e, durante esse processo, soltarão enxofre, um gás de cheiro intenso.

A placa bacteriana (ou biofilme), que se forma naturalmente na boca, é outra condição que contribui para o mau hálito. Daí a necessidade de removê-la frequentemente com a escovação e o uso do fio dental. Outros problemas que afetam a gengiva e os dentes, caso da periodontite, também são causa de halitose.

Tem mais uma situação que colabora para o surgimento do odor ruim: a boca seca. É que a saliva ajuda na remoção de partículas e resíduos na região. Essa característica pode ser causada pela utilização de alguns remédios, cigarro e até pelo fato de dormir com a boca aberta.

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Estresse, dietas restritivas e mudanças hormonais também concorrem a favor do mau hálito.

E o bafo matinal?

Ter mau hálito ao acordar é normal.

Isso ocorre por causa do jejum aliado à diminuição do fluxo de saliva que acontece normalmente durante o sono. No entanto, se após o café da manhã e a escovação dos dentes o odor persistir, é importante buscar ajuda profissional. A halitose pode estar na área.

Dá pra prevenir

Apesar da grande quantidade de causas, o mau hálito pode ser evitado. Conselhos como comer de três em três horas ajudam, pois o jejum prolongado tende a gerar um odor bucal ruim. Cuidados com a alimentação também são válidos: comidas muito salgadas, quentes ou condimentadas tornam a boca mais seca, cooperando com a situação. Nesse sentido, alimentos como alho, cebola, carne vermelha, frituras e refrigerantes também cobram moderação.

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O álcool e o cigarro são outros fatores que contribuem para o ressecamento bucal e, portanto, devem ser mantidos a distância. No caso da bebida alcoólica, o problema acontece porque ela provoca uma grande descamação de células bucais, cheias de proteínas que se transformam em enxofre. Já o fumo, além de contribuir para a redução da saliva, costuma ter em sua composição derivados de enxofre. Ponto para o mau hálito.

Entre os aliados contra a halitose, vale destacar que alguns alimentos são de grande valia. O consumo de comidas fibrosas, como maçã e cenoura, ajuda, uma vez que que esses vegetais promovem uma limpeza entre os dentes e evitam o acúmulo de resíduos.

Na realidade, as recomendações para prevenir o mau hálito no dia a dia são simples: beber mais água e higienizar bem a boca. O consumo de líquidos abaixo do ideal – cerca de 2 litros por dia – faz com que as glândulas salivares não produzam a quantidade adequada de saliva, essencial no combate à halitose. Já com relação à higiene bucal, a dica é simples: escove os dentes e use o fio dental três vezes ao dia após todas as refeições, limpe a língua e use enxaguante bucal, de preferência sem álcool.

O diagnóstico no dentista

Infelizmente, muitas pessoas com mau hálito não o percebem. Isso ocorre porque as células do nariz se acostumam com os cheiros após algum tempo. Por isso, velhos truques como fazer concha com as mãos e depois respirar o ar não revelam o problema.

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Diante disso, se está desconfiado que seu hálito não esteja normal, peça para que alguém de confiança lhe avise se está sentindo um odor desagradável. O mais importante, em todo caso, é procurar o profissional em caso de suspeita. Só o dentista saberá avaliar a boca e identificar de onde vem o problema. Assim como a melhor forma de tratá-lo.

Tem tratamento

O diagnóstico no consultório do dentista é feito primeiramente por meio de uma análise da boca do paciente e de seu histórico. Também podem ser realizados exames que medem a quantidade e a qualidade da saliva (sialometria), a quantidade de enxofre exalada na respiração, a presença de ronco e de apneia

Entretanto, a realização de todos esses exames não substitui o mais importante: a checagem do hálito pelo olfato humano. Por isso, o cirurgião-dentista tem de avaliar, por meio de seu olfato, o hálito do paciente. Essa checagem é chamada teste organoléptico. Ainda hoje é considerado o método mais confiável e seguro.

Atualmente, os tratamentos vão desde a adoção de uma dieta balanceada até mesmo o uso de laserterapia e eletroterapia, técnicas que regeneram a função das glândulas salivares.

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* Dra. Rosilene Uliana é cirurgiã-dentista e coordenadora da Comissão de Halitologia do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP)

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