Velocidade, muita velocidade! O mundo percebeu que precisa disso para combater a maior crise sanitária da história recente. O problema é que a combinação da burocracia, inerente aos sistemas de saúde, com a agilidade parece uma contradição. Descobrimos que, em tempos de crise, somos obrigados a arriscar para não sermos atropelados — e aqueles que se prepararam aproveitarão as oportunidades que surgem nesses momentos.
Foi o que aconteceu com o setor de healthtechs por aqui. Segundo o Distrito HealthTech Report, o Brasil já registra 542 startups de saúde. Uma explosão! No entanto, mais do que trabalhar com tecnologia e ser rápido para atender às demandas, todo o mercado precisou de soluções que entregassem valor. Assim, recursos como telemedicina, prontuário eletrônico e assinatura digital se tornaram o cerne da estratégia do setor de saúde.
Com a pandemia, a telemedicina foi autorizada e a Frente Parlamentar Mista de Telessaúde corre para debater a implantação de vez da telessaúde no país. Essa modalidade encurta distâncias e permite que, mesmo fora dos consultórios, pacientes possam receber o atendimento de que necessitam. Tal mercado floresceu da noite para o dia. O Brasil tem hoje a presença da maior empresa de telessaúde do mundo e mais de 30 startups e scale-ups na área.
O prontuário eletrônico é a fonte dos dados, fundamentais no embasamento das decisões, e a ferramenta pela qual os profissionais de saúde indicam suas condutas. O mercado descobriu sua importância para além da eliminação do papel, e uma onda de consolidação e posicionamento começou com grandes aquisições e investimentos relevantes da parte de empresas que apostam na importância do gerenciamento dos dados clínicos.
Para que uma receita eletrônica de medicamento, produzida em um prontuário eletrônico, chegue com segurança nas farmácias, nasceram os barramentos que fazem essa conexão, um segmento que conta com as PBMs e com startups bastante reconhecidas, que começaram essa construção anos antes e experimentaram em três meses o crescimento que planejaram para três anos.
E, para autenticar o que agora vem acontecendo de forma eletrônica, o já consolidado mercado de certificados digitais viu um crescimento enorme na adoção por profissionais de saúde. Nesse sentido, temos visto muitas inovações que têm melhorado a experiência dos usuários e a segurança dos dados.
Essas e outras tecnologias se tornaram primordiais e hoje não há um gestor de saúde que não tenha assumido a sua relevância. No entanto, é fundamental lembrar que a tecnologia é meio e não fim. No centro do mercado estão pacientes se relacionando com profissionais de saúde e sendo influenciados em diferentes ambientes.
Por isso, é fundamental que novos modelos de gestão de saúde perseverem, como a gestão de saúde populacional e a saúde baseada em valor. Estamos apenas no início de uma nova era e a necessidade por velocidade e valor continuará estampada nas relações entre pessoas e empresas. A questão agora é o como. A experiência diz: com cooperação.
* Lasse Koivisto é conselheiro da Aliança para Gestão de Saúde Populacional (ASAP) e cofundador e CEO da Prontmed