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Risco de queimadas volta a aumentar: entenda a relação com doenças

Infecções respiratórias se espalham com mais facilidade em meio à fumaça. Saiba como se proteger e qual é o impacto na saúde pública

Por José Branco, médico*
29 ago 2024, 14h08
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Fumaça das queimadas atravessa estados e pode gerar diversos danos ao organismo (vecstock/Freepik/SAÚDE é Vital)
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As queimadas no Brasil, especialmente nas áreas rurais do estado de São Paulo, como em Ribeirão Preto e municípios vizinhos, têm se tornado um problema crônico. Com a volta do calor, o risco de incêndios voltou a aumentar, segundo a Defesa Civil do Estado.

Esse cenário é agravado pelo clima seco e pela falta de fiscalização eficiente. A situação levanta preocupações não apenas em termos ambientais, mas também em relação à saúde pública.

Isso porque o impacto vai além da destruição da flora e fauna, estendendo-se ao aumento da incidência de doenças respiratórias e infecciosas, especialmente em populações vulneráveis.

+ Leia também: Entenda a megapluma de fumaça que se espalha pelo país e afeta a saúde

Aumento das doenças respiratórias e infecciosas

Os incêndios florestais liberam grandes quantidades de poluentes, incluindo material particulado fino (PM2.5), monóxido de carbono, óxidos de nitrogênio e compostos orgânicos voláteis, que são prejudiciais à saúde humana.

Em cidades como Ribeirão Preto, onde a qualidade do ar já é comprometida por fatores urbanos, as queimadas agravam ainda mais essa situação. A inalação de partículas tóxicas pode desencadear uma série de problemas respiratórios, desde irritações leves até condições mais graves, como asma, bronquite e pneumonia.

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A exposição prolongada a esse tipo de poluição é especialmente perigosa para crianças, idosos e pessoas com doenças pré-existentes. Em hospitais e unidades de saúde dessas regiões, pode ocorrer um aumento significativo no número de atendimentos relacionados a problemas respiratórios nos períodos de maior ocorrência de queimadas.

Isso pode gerar uma sobrecarga no sistema de saúde, comprometendo a capacidade de atendimento a outras condições médicas, criando um efeito cascata que afeta toda a população.

Além das doenças respiratórias, as queimadas podem criar condições propícias para a proliferação de doenças infecciosas. A destruição do habitat natural força animais silvestres a se aproximarem de áreas urbanas, aumentando o risco de zoonoses — doenças transmitidas de animais para humanos.

Em um contexto em que doenças como a febre maculosa e a leishmaniose já representam um desafio nas regiões afetadas, as queimadas podem amplificar esses riscos.

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+Leia também: Aquecimento global aumenta a transmissão de vírus entre diferentes animais

Impacto nos serviços de saúde e na economia local

As unidades de saúde, muitas vezes, não estão preparadas para lidar com o aumento repentino da demanda por serviços médicos.

Além disso, os custos associados ao tratamento dessas doenças, somados à necessidade de intervenções emergenciais, como internações e uso de medicamentos específicos, impõem uma carga financeira adicional aos sistemas de saúde municipais e estaduais.

A economia local também enfrenta impactos indiretos. A produtividade da população é afetada, seja pela incapacidade de trabalhar devido a doenças ou pela necessidade de cuidar de familiares doentes.

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A relação entre queimadas e saúde pública é clara e alarmante. É essencial que gestores públicos, profissionais de saúde e a sociedade civil trabalhem de forma integrada para mitigar os efeitos das queimadas, tanto no curto quanto no longo prazo.

Medidas como o fortalecimento da fiscalização ambiental, campanhas de conscientização sobre os riscos e a implementação de políticas de saúde pública voltadas para a prevenção e tratamento das doenças associadas são cruciais.

Também é fundamental manter a carteira de vacinação das crianças em dia, assim como a de idosos e portadores de doenças crônicas, além de garantir o ensino sobre educação ambiental nas escolas. Somente com uma abordagem multidisciplinar poderemos proteger a saúde das populações afetadas e preservar o meio ambiente, garantindo um futuro mais seguro e saudável para todos.

*José Branco é presidente na Sociedade Médica de Oxigenoterapia Hiperbárica (OHB) do Brasil, faz parte da direção executiva do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP) e é diretor médico da CLOUDSAÚDE.

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