Rinoplastia étnica: o respeito à identidade cultural e a queda dos padrões
Médico explica a importância de abandonar padrões convencionais e entender as características étnicas antes de fazer esse tipo de procedimento estético
Durante muito tempo, o nariz fino, delicado e arrebitado foi o sonho de consumo de muitas pessoas, principalmente nas décadas passadas. Mas, se não existe um único padrão de beleza, como fica a identidade cultural de cada um? Esse assunto ganhou força quando a modelo Bella Hadid, que passou pela cirurgia de rinoplastia aos 14 anos e é descendente de palestinos, declarou em entrevista que gostaria de ter ‘guardado’ o nariz dos seus ancestrais.
A diversidade é uma das riquezas da experiência humana, e as diferentes culturas têm perspectivas únicas sobre a beleza e a identidade. Portanto, um nariz considerado “ideal” em uma cultura pode não ser visto da mesma maneira em outra.
É essencial que os cirurgiões plásticos considerem essas diferenças e trabalhem em estreita colaboração com seus pacientes para alcançar resultados almejados, que respeitem e celebrem sua identidade cultural.
O Brasil é o país número um em rinoplastia no mundo, com 109 230 procedimentos realizados em 2022 – mais que o dobro dos Estados Unidos (45 166). Sendo o Brasil um país miscigenado, é fundamental falar sobre esse assunto.
Através da rinoplastia, é possível ajustar assimetrias, reduzir ou aumentar o tamanho do nariz, afiná-lo e melhorar a proporção facial como um todo. Mas essas mudanças estéticas devem respeitar a identidade cultural para proporcionar sensação renovada de autoconfiança.
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O perfil nasal ideal varia entre gerações e etnias, com a geração Z e a Y preferindo narizes mais longos, com pontas menos rotacionadas. Essa preferência por narizes mais fortes destaca uma mudança social e uma evolução do padrão de beleza ao longo das gerações, com foco em um perfil de aparência mais natural.
O debate sobre o assunto é importante, pois nada pode ser feito para corrigir o arrependimento, como no caso de Bella Hadid.
Como a cultura de um indivíduo influencia profundamente sua percepção de beleza, é importante que o médico entenda não apenas as preferências estéticas do paciente, mas também considere o contexto cultural que informa essas preferências.
A rinoplastia, quando realizada com sensibilidade cultural, pode ser uma ferramenta para fortalecer a autoestima e a confiança, permitindo uma sensação de autenticidade maior.
*Paolo Rubez é cirurgião-plástico formado pela Unifesp e membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), da Associação Brasileira de Cirurgia Plástica (BAPS), da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS), da Sociedade Americana de Cirurgia Plástica (ASPS) e da Sociedade de Cirurgia de Enxaqueca dos Estados Unidos.