Proteja o futuro: o poder transformador das vacinas
Na Semana Mundial da Imunização, um infectologista reflete sobre as conquistas promovidas pela vacinação - e os desafios atuais
A Semana Mundial de Imunização, promovida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) de 24 a 30 de abril de 2024, adota o tema “Proteja o futuro: vacine-se”. Este evento ressalta a vacinação como uma intervenção eficaz e de ótimo custo-benefício na prevenção de doenças e promoção da saúde coletiva, essencial para eliminar agentes causadores de doenças e prevenir surtos futuros.
A erradicação da varíola em 1980, fruto de uma campanha global, é um marco histórico que ilustra o impacto extraordinário da imunização. Hoje, enfrentamos um desafio similar com a poliomielite, cuja incidência foi consideravelmente reduzida em mais de 99% desde 1988, graças a esforços incansáveis e parcerias essenciais com organizações como o Rotary International, um componente chave no sucesso destas iniciativas.
No Brasil, os programas de vacinação em massa conseguiram reduzir significativamente doenças como sarampo, tétano, difteria, formas graves de tuberculose e coqueluche, salvando milhões de vidas e elevando a expectativa de vida.
Estimativas da OMS indicam que a vacinação em massa previne pelo menos quatro mortes por minuto em todo o mundo. Reconhecer que a vacinação beneficia não só crianças, mas pessoas de todas as idades e sexos, é essencial.
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Adultos jovens, mais velhos e idosos se beneficiam enormemente das vacinas, protegendo-se contra doenças como gripe, Covid-19 e herpes zóster. Garantir uma cobertura vacinal ampla é crucial para a saúde da população.
No entanto, o panorama da saúde pública enfrenta desafios significativos, especialmente com o crescimento da hesitação vacinal e a disseminação de informações falsas sobre a segurança e eficácia das vacinas. Essas correntes de pensamento, amplificadas por redes sociais e outras plataformas digitais, ameaçam os progressos alcançados, contribuindo para o ressurgimento de doenças anteriormente controladas.
Profissionais de saúde ao redor do mundo estão engajados em uma luta constante para combater a desinformação e fortalecer a importância da vacinação, sustentada por dados científicos robustos e pela necessidade de proteger as populações mais vulneráveis.
É crucial que continuemos os esforços de imunização, ancorados em ciência sólida e evidências claras, para proteger a saúde comunitária. A educação em saúde e a transparência das informações são essenciais para reforçar a confiança do público nas vacinas. A vacinação, mais do que um ato de autocuidado, é um compromisso com o bem-estar coletivo.
Ao refletirmos sobre o impacto indiscutível das vacinas durante esta Semana Mundial de Imunização, reafirmamos nosso apoio à ciência e ao bem-estar das futuras gerações. Juntos, podemos continuar a luta contra doenças evitáveis e assegurar que nossas comunidades permaneçam protegidas e saudáveis.
A responsabilidade é tanto individual quanto coletiva; vacinar-se é um ato de cuidado consigo mesmo e com os outros, uma verdadeira expressão de solidariedade e responsabilidade comunitária.
* Leonardo Weissmann é médico infectologista do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, consultor técnico da Comissão Nacional pela Erradicação da Pólio do Rotary International e professor do curso de Medicina da Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP) – Campus Guarujá.