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Parkinson: quando remédios não são suficientes, um implante traz esperança

Uma tecnologia chamada de estimulação cerebral profunda, já aprovada no Brasil, pode ajudar pacientes a preservar uma vida funcional por mais tempo

Por Rubens Cury, neurologista especialista em Parkinson*
24 abr 2024, 16h10
parkinson
Tremores são um sintoma conhecido do Parkinson (Foto: Alex Silva/A2 Estúdio)
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Nos últimos anos, tem sido observado um aumento significativo no número de pacientes que chegam aos consultórios, principalmente entre 30 e 50 anos, apresentando sintomas como dor e rigidez no braço ou ombro, perda de destreza na mão, redução do olfato e dificuldade na escrita, entre outros. Nesse contexto, é importante não descartar a possibilidade de Parkinson – visto que mesmo jovens podem apresentá-lo. 

O Parkinson, descrito há mais de 200 anos, é agora a segunda doença neurodegenerativa mais prevalente no mundo, atingindo cerca de 10 milhões de pessoas, segundo a Parkinson’s Foundation. No Brasil, são cerca de 400 mil indivíduos. 

Em 2023, a International Parkinson and Movement Disorder Society publicou um artigo de consenso que definiu como “precoces” os casos de Parkinson em pessoas com menos de 50 anos. Embora essa população represente cerca de 15% dos casos, considerar a possibilidade desse diagnóstico é crucial para iniciar o tratamento adequado o mais cedo possível.

Para pacientes que enfrentam a doença precocemente, surgem desafios adicionais, já que muitos estão em uma fase muito produtiva de suas vidas, com responsabilidades familiares e planos para o futuro. 

No entanto, há razões para ser otimista. As pessoas estão buscando ajuda cada vez mais jovens e a evolução dos tratamentos disponíveis é inegável. 

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Na fase inicial da jornada, os medicamentos demonstram uma eficácia importante, melhorando os sintomas e permitindo que os pacientes levem uma vida mais confortável por um período considerável. Mas, com o passar do tempo, os efeitos dos remédios diminuem. 

Aí desponta uma alternativa promissora: a estimulação cerebral profunda, também conhecida como DBS, (sigla para o termo em inglês Deep Brain Stimulation)

+Leia também: Malhação para o cérebro: exercícios contra Parkinson, Alzheimer e cia.

Aprovado por órgãos reguladores renomados como FDA e a nossa Anvisa, o DBS é classificado com o mais alto nível de evidência científica para o tratamento do Parkinson. 

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A terapia utiliza um dispositivo semelhante a um marcapasso, implantado cirurgicamente na região do tórax para enviar sinais elétricos através de eletrodos colocados no cérebro. Realizada por profissionais qualificados, essa cirurgia tem o potencial de recuperar significativamente a qualidade de vida.

Além de proporcionar um alívio de até 70% nos tremores e 51% de melhora na função motora mesmo após um ano do implante, o DBS permite reduzir doses de medicação na maioria dos casos, prolongando o controle dos sintomas e oferecendo anos adicionais de vida funcional – o que é especialmente positivo para aqueles casos precoces. 

A discussão sobre a “janela terapêutica” ideal no contexto do DBS também tem ganhado destaque, já que as recomendações atuais sugerem o uso mais precoce em comparação com práticas anteriores. Essa mudança reflete os avanços tecnológicos dos últimos anos e uma compreensão refinada da progressão e gestão de condições neurológicas.

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Outro ponto importante do DBS é seu potencial de neuroproteção indireta, o que pode resultar em uma progressão mais lenta da doença. O tratamento restaura o controle dos movimentos e incentiva um estilo de vida mais ativo com atividade física, que também demonstrou ser benéfica na redução da evolução do Parkinson.

Com diagnóstico precoce, tratamento adequado e acesso às terapias avançadas, é possível enfrentar essa condição de forma mais eficaz, proporcionando esperança para o futuro.

*Rubens Cury é neurologista especializado em doença de Parkinson e estimulação cerebral profunda. É professor livre-docente pela USP e atua como coordenador do Ambulatório de Estimulação Cerebral Profunda no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Também integra o Grupo de Doença de Parkinson do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.

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