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Para além da pele: exposição prolongada ao sol traz riscos ao cérebro

Perda de coordenação, alterações de memória, mudanças comportamentais. O excesso de radiação solar e o calorão também podem afetar a cabeça

Por Feres Chaddad, neurocirurgião*
7 jan 2024, 11h00
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As ondas de calor podem afetar o funcionamento do cérebro. (Foto: Veja Saúde/SAÚDE é Vital)
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A chegada do verão e as ondas de calor extremo merecem atenção, e não apenas pelo risco de câncer de pele, queimaduras, insolações e desidratação. A exposição solar prolongada e sem proteção pode, inclusive, afetar o cérebro e causar danos neurológicos graves.

Sintomas iniciais e preocupantes

Os sintomas mais comuns de que o cérebro está sofrendo com o excesso de calor e radiação solar são tonturas, fadiga, náuseas e dor de cabeça, que podem evoluir para aumento da temperatura corporal. Sinais de alerta mais sérios são confusão e desorientação mental, que pode se manifestar com mudanças de humor extremas.

Prejuízos na coordenação e produtividade

Um efeito importante, apontado no estudo Direct exposure of the head to solar heat radiation impairs motor-cognitive performance, evidencia que essa exposição prolongada provoca uma elevação da temperatura do sistema nervoso central em 1°C. Isso traz prejuízos que englobam desconforto, perda de coordenação e diminuição da capacidade de trabalho físico.

Em alta incidência, os raios solares podem também acarretar danos neurológicos a longo prazo, comprometendo a memória, os movimentos dos olhos, a integração de informações auditivas e o comportamento emocional.

+Leia também: Pele a salvo: como se cuidar contra o câncer

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Aumento do risco de AVC

Segundo a pesquisa “Hot weather associated with increased stroke risk in older people“, publicado pela Sociedade Europeia de Cardiologia, o clima quente e o excesso de sol na região da cabeça, especialmente em idosos, estão associados a acidentes vasculares cerebrais (AVC).

O trabalho incluiu participantes de 65 anos ou mais que foram transportados para hospitais de emergência entre 2012 e 2019 com início do AVC nos meses seguintes à estação chuvosa e mostrou que para cada aumento de 1°C na temperatura, houve um risco 35% maior de visitas hospitalares.

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Prevenção

Para evitar esses problemas, vale evitar o contato excessivo com os raios solares, principalmente se estiver sem a proteção necessária. Beber bastante água também é fundamental, pois a desidratação é um fator de risco indireto para queda de pressão e AVC.

Se sentir qualquer mal-estar ou alteração neurológica, deve-se procurar atendimento médico de emergência.

As pesquisas sobre os efeitos da exposição ao sol ao longo dos anos ainda são recentes, mas, diante das alterações climáticas que temos vivenciado, existe a necessidade de incluir o efeito do aquecimento radiativo da luz solar na cabeça e pescoço em futuras avaliações científicas.

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*Feres Chaddad é Professor e Chefe da Disciplina de Neurocirurgia da UNIFESP, Chefe da Neurocirurgia da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo – e um dos maiores especialistas em neurocirurgia no país.

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