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Os traumas de face no Brasil provocados por acidentes de trânsito

Um número considerável de traumatismos severos no rosto é resultado da má condução ao volante

Por Marcelo Marotta Araújo, cirurgião Buco-Maxilo-Facial*
1 set 2022, 16h41
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 (Foto: IS/iStock)
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Os acidentes de trânsito no Brasil provocam milhares de mortes todo ano, além de incapacidade física e sequelas pelo resto da vida. Em muitos casos, desestruturam famílias pelo aspecto psicológico e também pelo financeiro – principalmente quando se perde aquela pessoa responsável pelo sustento de todos.

Em 2020, eles vitimaram cerca de 33 mil pessoas, sendo que 36% eram motociclistas e 21% ocupantes de carro, passageiros ou motoristas. Na maioria dos casos, o motivo está relacionado com imprudências, como excesso de velocidade, ingestão de álcool e uso de celular. 

A atitude displicente do condutor afeta a ele próprio, mas também a outros. E, no caso das motos, a gravidade de um acidente é sempre muito maior. Nós, especialistas em Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial, vemos no dia a dia casos complexos de politraumatismo, onde temos que atuar em cirurgias complicadas de reconstrução de face. 

Um levantamento realizado pela Confederação Nacional dos Municípios constatou que o número de motocicletas já é maior que o de carros em 45% das cidades brasileiras. Em 2009, elas correspondiam a 24,76% dos veículos, com 14 695 247 unidades, enquanto outros tipos, como carros, ônibus e caminhões, totalizavam 75,24%, com 44 666 395. Dez anos depois, o percentual de motos subiu para 26,89% (28 179 083 unidades) – o Brasil já conta, aproximadamente, com uma moto para cada oito habitantes. 

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A imprudência é flagrante em qualquer cidade. Motociclistas e motoristas dos demais veículos desrespeitam a legislação e adotam uma postura praticamente bélica no trânsito. Limites de velocidade não são respeitados, capacetes são deixados de lado…

O Colégio Brasileiro de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial promove há anos campanhas de orientação para o uso adequado do capacete. A utilização correta diminui em 72% o risco e a gravidade de lesões e reduz a probabilidade de mortes em até 39%.

Em Fortaleza, um estudo epidemiológico de pacientes com  fraturas faciais de um dos maiores centros de trauma do Norte-Nordeste, o Hospital Instituto Dr. José Frota, mostrou que 85,4% dos acidentados eram do sexo masculino e 75,6% não usavam capacete. A pesquisa apontou também que 49,6% das vítimas possuíam fraturas múltiplas de face, 73,2% não tinham habilitação e 38,2% haviam ingerido bebidas alcoólicas antes de dirigir.

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+Leia também: Salve o esqueleto: como prevenir a osteoporose e as fraturas

Passou da hora de promovermos um pacto pela vida, onde cada um faz a sua parte para que possamos reduzir mortes e o número de pessoas sequeladas pelos traumas provocados por acidentes de trânsito. A fórmula todos nós sabemos: prudência e respeito por si, pelos outros e pela legislação. 

O Cirurgião e Traumatologista Buco-Maxilo-Facial é o profissional mais habilitado para o atendimento em casos de traumas de face. Só no Brasil somos mais de 1 500 especialistas filiados ao Colégio Brasileiro de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial, presentes em mais de 1 200 cidades de norte a sul do país. Mas gostaríamos de quase não ter que atuar nessa área e reservar o nosso conhecimento para pessoas que precisam de uma cirurgia ortognática para a correção de problemas relacionados ao maxilar, por exemplo, entre tantos procedimentos onde podemos atuar. 

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Um minuto a menos no trânsito para fazer uma entrega ou chegar mais cedo em uma reunião pode significar o último instante da sua vida ou de alguém que você ama. Pense nisso todos os dias antes de sair de casa. 

*Marcelo Marotta Araújo, presidente do Colégio Brasileiro de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial

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