O efeito sanfona é o ciclo em que uma pessoa apresenta dificuldades em manter o peso após um período em que conseguiu eliminar alguns quilos. Esse ciclo pode durar meses ou mesmo anos.
Quando você muda sua rotina alimentar através das dietas da moda (a “da lua”, a da “sopa”, a “do suco”…), a perda de peso ocorre sobretudo pela perda de líquido e, muitas vezes, de músculos. Eis o problema: além de não eliminar gordura, você subtrai a massa muscular. É o gatilho para o efeito sanfona.
A massa muscular é diretamente proporcional à nossa taxa metabólica basal, que é o mínimo de energia necessária para manter as funções do organismo quando em repouso (como os batimentos cardíacos, a pressão arterial, a respiração e a temperatura corporal).
E, quanto maior a massa muscular, maior a taxa metabólica basal, porque os músculos consomem muitas calorias.
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Um exemplo hipotético: imagine um homem de 90 kg que tenha uma taxa metabólica basal com gasto de 1 600 kcal por dia. Grosso modo, se ele não fizer atividade física e comer 1 700 kcal, começará a engordar. Se ele comer 1 600 kcal, o peso será mantido; e, se comer 1 500 kcal, começará a emagrecer.
Se esse mesmo homem perder 10 kg de gordura, estará com 80 kg e quase a mesma taxa metabólica basal. Por outro lado, se ele perder 8 kg de músculo e só 2 kg de gordura, ocorrerá uma queda na taxa metabólica basal de 1 600 para 1 300 kcal. Então, se antes o consumo de 1 500 kcal diárias ajudava a emagrecer, agora poderá ter o efeito oposto. É esse tipo de erro que devemos evitar.
Quando entendemos que a obesidade é uma doença crônica, como hipertensão e diabetes, as coisas ficam ainda mais claras. Se um indivíduo que tem a pressão controlada através do uso de três medicamentos suspender os remédios, o que ocorre? A pressão volta a subir.
O mesmo vale para a obesidade. A maioria esmagadora volta a subir de peso após suspender os medicamentos antiobesidade ou o protocolo terapêutico no geral.
Existem estudos científicos que comprovam que pessoas com sobrepeso que vivem na montanha-russa do efeito sanfona têm 85% mais chances de desenvolver doenças cardiovasculares e 124% a mais de morrer precocemente. Por isso, o efeito sanfona precisa ser evitado e combatido.
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Costumo dizer que a gordura é resiliente: cada vez que você perde peso e volta a ganhar tudo o que perdeu, fica mais difícil uma próxima perda.
Então não dá para ignorar essa situação nem continuar testando dietas doidas, comendo comidas horríveis e se matando com atividades físicas exaustivas e sem orientação em busca do emagrecimento.
Uma equipe multidisciplinar com médico, nutricionista, profissional de educação física e psicólogo está na base para um emagrecimento saudável e sustentável. E, nesse contexto, a prescrição adequada de medicamentos e a adesão do paciente ao tratamento e às mudanças de hábitos são os passos fundamentais para vencer o efeito sanfona.
* Gabriel Almeida é médico e cirurgião-geral com atuação em emagrecimento saudável, além de palestrante e autor do livro Saúde Além do Tempo