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Os desafios na prevenção do suicídio

No Setembro Amarelo, psicóloga examina o que está por trás do problema e o que precisa mudar no modelo de assistência e prevenção

Por Ines Hungerbühler, psicóloga*
11 set 2020, 12h48
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  • Suicídio é um problema complexo para o qual não existe uma única causa ou uma única explicação. Porém, por volta de 90% das pessoas que morreram por suicídio apresentavam algum transtorno mental. Depressão, psicose e uso abusivo de substâncias, sobretudo o alcoolismo, são os fatores de risco mais relevantes nesse contexto.

    Existem tratamentos eficazes para esses transtornos mentais, mas a maioria das pessoas que sofrem com eles não procura ajuda ou não tem acesso ao cuidado adequado. Além do déficit de serviços e profissionais, existe um forte estigma social diante dos problemas de saúde mental. As pessoas frequentemente ficam constrangidas em admitir que estão deprimidas, por exemplo, porque vêem os sintomas como um “sinal de fraqueza”.

    No momento atual, enfrentamos vários outros desafios que podem contribuir para um aumento do risco de suicídio na população geral e em pessoas que já estão lutando com um transtorno mental. Me refiro a conflitos familiares, violência doméstica, isolamento, solidão, luto, consumo elevado de álcool, desemprego e problemas financeiros.

    Em momentos de estresse aumentado, nossos pensamentos tornam-se mais rígidos e distorcidos, ou seja, percebemos e interpretamos as coisas de forma diferente. Isso pode afetar as crenças que temos sobre nós mesmos, sobre o mundo e sobre o futuro. Pode nos levar a acreditar que não existe mais nenhuma esperança para a situação melhorar. E essa desesperança está intimamente relacionada à intenção suicida. Pois não enxergar mais outra saída  pode levar a pessoa a acreditar erroneamente que o suicídio seria a única opção.

    Com tudo isso em mente, o desafio na prevenção do suicídio hoje passa por aumentar o acesso ao cuidado da nossa saúde mental. E isso não começa com o acesso ao tratamento clínico de transtornos diagnosticados. Começa na prevenção do desenvolvimento de um quadro clínico e na conscientização e capacitação da população geral para cuidar da própria saúde mental.

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    A solução envolve sensibilizar e educar as pessoas para lidar com problemas emocionais e situações estressantes, identificar precocemente os sinais de risco e conhecer as medidas adequadas para a sua resolução. O acesso a serviços presenciais e ferramentas digitais de assistência e cuidado em saúde mental também é determinante a esse esforço preventivo contra um problema de saúde pública.

    * Ines Hungerbühler é chefe de psicologia da Vitalk, empresa parceira do movimento Falar Inspira Vida

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