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O desafio da dor nas Olimpíadas

Condição não impede competições, mas até que ponto isso é saudável?

Por Roberta Risso, anestesiologista*
10 ago 2024, 06h00
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  • No início dos Jogos Olímpicos de Paris 2024, o Brasil assistiu a esgrimista brasileira Nathalie Moellhausen paralisada pela dor em sua primeira disputa, causada por um tumor no cóccix.

    Mesmo assim, ela terminou o embate. Bicampeã olímpica de vôlei, Thaisa Daher não escondeu a luta para superar as dores no joelho esquerdo, resultado de uma série de lesões, na busca pela sua terceira medalha de ouro.

    A dor é um obstáculo que desafia tanto o corpo quanto a mente. No caso de boa parte de atletas profissionais, é uma parte inevitável de treinamentos e competições. No entanto, ela pode representar um desafio complexo, que exige acompanhamento médico e até psicológico.

    Na forma crônica, ela é mais do que uma simples sensação física, é uma doença que exige tratamento contínuo, semelhante a condições como hipertensão ou diabetes.

    Dor não é apenas um sintoma, mas uma condição que altera a percepção e o processamento do cérebro.

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    Para os atletas profissionais, que levam seus corpos ao limite, administrar essa dor pode ser ainda mais desafiador. Quem pratica esporte de alto rendimento tem uma variedade de dores, desde lesões agudas até condições crônicas que resultam do desgaste físico.

    Manejo da dor crônica

    Embora a dor aguda seja frequentemente tratada com medicamentos e terapias, a dor crônica, que persiste por mais de três meses, exige uma abordagem terapêutica mais abrangente.

    Para alguns casos de dor, existem soluções práticas, que podem ser feitas em um único procedimento, como é o caso dos bloqueios nervosos guiados por ultrassom. No entanto, a reabilitação e a manutenção da musculatura são cruciais para prevenir a recorrência da dor, principalmente no caso dos atletas.

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    + Leia também: Termografia ajuda a prevenir lesões de atletas olímpicos e amadores

    Quem pratica esporte de alta performance deve ser orientado não apenas sobre como tratar a dor, mas sobre como preveni-la. A força muscular e a flexibilidade são fundamentais para suportar as exigências físicas. Quando os atletas param de treinar, eles perdem essa sustentação, e a dor pode se intensificar.

    Fatores emocionais e psicológicos podem interferir. Isto porque o cérebro desempenha um papel crucial na percepção da dor, e fatores como estresse e depressão podem amplificar a sensação incômoda.

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    Para atletas, a capacidade de lidar com a dor muitas vezes envolve um trabalho mental. Eles desenvolvem estratégias para focar em seus objetivos e superar a dor, embora isso possa ter suas próprias implicações a longo prazo.

    Atletas são treinados para isso, para inconscientemente esquecer a dor, pensar que é uma sensação, não algo físico. A vontade de vencer é muito maior do que a dor e a vontade de percebê-la.

    Um atleta consegue passar por cima dela por conta de seu foco na medalha olímpica, mas não deve esquecê-la para sempre.

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    *Roberta Risso é anestesiologista e especialista em dor do Hospital Alemão Oswaldo Cruz

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