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No Dia Mundial da Voz, um chamado à ação contra uma doença grave

O que a voz representa na sua vida? Para algumas pessoas, ela é um símbolo de resistência e reconstrução

Por Melissa Medeiros, sobrevivente de câncer de laringe*
16 abr 2025, 09h47
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A medicina está cada vez mais interessada no que o paciente tem a dizer  (Iwat1929 / Freepik/Reprodução)
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No dia 16 de abril, celebramos o Dia Mundial da Voz. Mais do que uma simples lembrança de nossa capacidade de falar, cantar ou nos expressar, a data pode representar um convite à reflexão: o que a voz representa em nossas vidas?

Para muitos, ela é apenas uma ferramenta de comunicação. Para outros, como eu – que enfrentei um câncer de laringe –, ela é um símbolo de resistência, reconstrução e pertencimento.

Perder a voz não é só uma limitação física. É também um golpe emocional e social profundo. Pacientes com câncer de cabeça e pescoço muitas vezes passam por procedimentos invasivos, como a laringectomia total, que transforma completamente a forma de se comunicar.

E o silêncio pode ser avassalador. Como retomar a vida profissional, os vínculos familiares e sociais, sem um dos principais instrumentos de interação humana?

+Leia também: Ele era um marco do rádio gaúcho, e então um tumor levou sua voz

Foi diante dessa realidade que, há 10 anos, nasceu a Associação Brasileira de Câncer de Cabeça e Pescoço (ACBG Brasil). Uma causa que teve início na dor do diagnóstico e tratamento, mas também na esperança. Com o propósito de “dar voz a quem não tem”, criamos uma rede de apoio, acolhimento e articulação política, que hoje transforma a vida de milhares de brasileiros.

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O câncer de cabeça e pescoço é um desafio complexo que exige soluções integradas. Atuamos por nossa Rede+Voz composta por 54 voluntários ativos e, com um portfólio diversificado de iniciativas, para gerar impacto sistêmico e melhorar o cenário da oncologia.

Nossa abordagem envolve desde a mobilização de políticas até o suporte direto a pacientes, portadores, cuidadores e profissionais da saúde, conectando diferentes setores e saberes. Para isso, estruturamos nossa atuação em três eixos de impacto: Advocacy, Inclusão e Informação.

E nossa rede de 15 Grupos de acolhimento (GAL), espalhados por todo Brasil abrigando hoje mais de 300 pacientes.

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A trajetória dessa década é marcada por conquistas concretas e transformadoras, como a inclusão da laringe eletrônica na Tabela do SUS e a criação de políticas públicas estaduais de reabilitação para laringectomizados e traqueostomizados.

Cada uma dessas vitórias só foi possível graças ao trabalho em rede. Profissionais de saúde, familiares e, principalmente, os próprios pacientes se uniram para mostrar que há vida – e voz – após o câncer. E aprendemos que voz não é só som: é identidade. É o direito de se expressar, de se posicionar no mundo, de continuar sendo ouvido.

No entanto, ainda há um longo caminho a percorrer. Por isso, deixo uma provocação: quantas vezes os gestores de saúde param para refletir sobre a voz como um tema central de reabilitação e qualidade de vida?

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O silêncio imposto pelo câncer de cabeça e pescoço ainda é invisibilizado nas políticas públicas. Precisamos de mais programas estruturados, profissionais capacitados e investimentos em tecnologias assistivas.

O Dia Mundial da Voz precisa ser encarado não apenas como uma campanha de conscientização, mas como um alerta. Precisamos de um sistema de saúde que enxergue a voz como um direito humano fundamental. Que compreenda que garantir a comunicação é garantir autonomia, dignidade e inclusão.

Neste 16 de abril, convido não apenas a sociedade, mas principalmente os gestores públicos e profissionais da saúde a ouvirem com mais atenção. A escutarem aqueles que foram silenciados e a construírem, conosco, caminhos para que ninguém mais precise enfrentar o câncer sem apoio – e sem voz.

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*Melissa Medeiros é fundadora e presidente voluntária da ACBG Brasil, sobrevivente de câncer de laringe, laringectomizada total e traqueostomizada definitiva.

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