Um estudo recém-publicado no periódico científico The Journal Of Clinical Hypertension descobriu um elo entre a frequência da higiene bucal e a propensão à hipertensão. A análise englobou dados de mais de 270 mil pacientes e concluiu que aqueles que escovavam menos os dentes tiveram um aumento de 84% no risco de desenvolver a doença quando comparados aos que escovavam os dentes assiduamente.
Por que isso acontece? Quando a higiene é deficiente, bactérias da boca se multiplicam e podem desencadear as doenças periodontais. Seu primeiro estágio é a gengivite, quando a gengiva fica inflamada, inchada e com sangramentos frequentes. Ela pode evoluir para uma periodontite, quando outras estruturas da dentição são comprometidas. A periodontite atinge entre 30 e 50% da população e é a principal causa de perda dentária em adultos.
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Mas as consequências não se restringem à boca. Essas bactérias e as substâncias inflamatórias desencadeadas pela infecção podem cair na circulação sanguínea e desequilibrar dois sistemas importantes para o controle da pressão arterial. Um deles é o sistema nervoso simpático, que regula nossas reações a situações de estresse ou emergência. O segundo é o sistema renina-angiotensina-aldosterona, mediado por moléculas que ajudam a manter a pressão e o estado dos vasos sanguíneos adequados.
Sabemos que a doença periodontal desperta uma inflamação sistêmica crônica, o que contribui para a hipertensão, e esta, por sua vez, é um problema de saúde bastante prevalente que leva a danos cardíacos, cerebrais e renais, sendo uma das principais causas de morte no mundo. Só no Brasil, temos mais de 38 milhões de hipertensos, de acordo com o panorama do Vigitel de 2019.
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O novo achado científico reforça a necessidade dos cuidados com a saúde bucal, sendo você hipertenso ou não. Para remover a placa bacteriana e minimizar a proliferação de micro-organismos ali, é preciso realizar a higiene diariamente, escovando os dentes e usando o fio dental pelo menos três vezes ao dia. Sobretudo antes de dormir, porque, durante o sono, a boca fechada e com menos saliva cria um ambiente favorável às bactérias.
Por fim, nada dispensa as consultas com o dentista. Pesquisas mostram que três em cada dez pessoas têm medo de ir a esse profissional. Você é um deles? Saiba que as visitas periódicas e os protocolos de limpeza e tratamento são cruciais para manter a boca saudável. Com a evolução tecnológica, os procedimentos estão mais modernos, seguros e indolores. Até o “motorzinho” está mais brando e silencioso.
Então cuide dos seus dentes. Por eles, e pelo corpo todo.
* Patrícia Almeida é cirurgiã-dentista, especialista em reabilitação oral e estética, idealizadora da Odontologia Almeida (SP) e integrante da Associação Paulista de Cirurgiões Dentistas (APCD)