O linfoma é um tipo de câncer do sangue que tem origem no sistema linfático — uma rede de pequenos vasos e gânglios linfáticos, que integram os sistemas circulatório e imune. É um dos dez tipos de câncer mais comuns no país.
Só em 2024, deverão ser registrados 15.120 casos da doença, que, em 2019, foi responsável por 5.455 mortes de pacientes tratados no Sistema Único de Saúde (SUS).
A rápida identificação permite o diagnóstico e o tratamento precoces. O paciente responde melhor à terapia e, dependendo do tipo de linfoma, pode ser curado. Porém, um estudo de revisão, realizado no Reino Unido, revelou que o linfoma e outros tumores hematológicos, como leucemia e mieloma múltiplo, são frequentemente diagnosticados com atraso.
Os pesquisadores britânicos constataram que essas doenças são identificadas na emergência dos hospitais em quase um terço dos pacientes, dos quais 40% viverão por três anos ou mais. Já quando diagnosticados por seus médicos, 77% dos pacientes apresentam esta sobrevida.
Os pacientes têm diagnóstico tardio porque demoram a procurar ajuda médica, devido à pouca informação sobre os sintomas dessas enfermidades, à dificuldade de acesso à rede de atenção primária de saúde e ao temor da identificação de uma possível doença maligna.
A campanha Agosto Verde-Claro é importante para disseminar informações sobre os sintomas do linfoma para a população.
Sintomas do linfoma
O principal deles é o surgimento de caroços indolores em qualquer lugar do corpo, como pescoço, virilhas e axilas, que podem gerar um certo desconforto.
Quando o câncer está em estágio avançado, surgem os chamados “sintomas B”, que incluem febre sem motivo no fim do dia, suor noturno, inapetência e perda de peso não intencional maior que 10% do peso corporal em seis meses.
O médico pode suspeitar do diagnóstico a partir da história e do exame físico do paciente. Exames de imagem ajudam na investigação, mas a biópsia do linfonodo é fundamental para o diagnóstico assertivo do linfoma.
O acompanhamento médico regular favorece o diagnóstico precoce, porque muitos casos são descobertos em exames para apurar a origem de outras queixas.
Tipos de linfoma
São dois principais: linfoma de Hodgkin e linfoma não Hodgkin. O primeiro responde por cerca de 20% dos casos da doença e acomete principalmente jovens, com um segundo pico de frequência em idosos. Já o linfoma não Hodgkin engloba 50 neoplasias diferentes, que ocorrem em crianças, adolescentes e adultos, sendo mais frequentes em idosos.
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), as causas do linfoma de Hodgkin não estão bem estabelecidas e a maioria dos casos é idiopática.
Para o linfoma não Hodgkin, existem alguns fatores de risco conhecidos. São eles:
- Sistema imune comprometido por doenças genéticas hereditárias, transplante de órgãos, doenças autoimunes ou infecção pelo HIV
- Uso de drogas imunossupressoras
- Vírus Epstein-Barr
- Vírus linfotrópico de células-T humanas do tipo 1 (HTLV-1)
- A bactéria Helicobacter pylori
- Ter parentes de primeiro grau com linfoma não Hodgkin
O tratamento dos linfomas pode ser realizado com quimioterapia, imunoterapia, terapia-alvo, radioterapia, transplante de células-tronco, cirurgia ou a terapia celular, conhecida como CAR-T. O médico escolherá a terapia mais adequada de acordo com o tipo e o subtipo do linfoma e seu estadiamento no organismo.
* Renata Lyrio é hematologista da Oncologia D’Or e do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR) e professora adjunta de Hematologia do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE/UERJ)