A prática da ioga como aliada das mulheres com endometriose
Entre os benefícios da modalidade, estão a melhora da qualidade do sono, da ansiedade e do tônus do assoalho pélvico
A endometriose é uma doença ginecológica crônica caracterizada pelo desenvolvimento e crescimento de partes do endométrio fora do útero, formando lesões do tipo cistos (endometriomas) e aderências entre os órgãos.
Ela afeta aproximadamente 10% das mulheres em geral, com taxas de até 50% em mulheres com infertilidade.
A maior prevalência é relatada em mulheres com idade entre 35-44 anos, e a causa é multifatorial, influenciada e estimulada por hormônios femininos, especialmente o estrogênio.
Para o controle da doença, além do tratamento clínico hormonal, o tratamento não hormonal é essencial.
Ele contempla avaliação nutricional, fisioterapia do assoalho pélvico, acupuntura, psicoterapia e a prática de atividade física regular. Em alguns casos, o tratamento cirúrgico também pode ser necessário.
Entre as atividades físicas, uma ótima opção é a prática da ioga. A iogaterapia pode fazer parte da prevenção e tratamento complementar da endometriose.
Alguns estudos científicos comprovam seu benefício como aliada no controle da ansiedade, depressão e distúrbios do sono, que são problemas comuns às portadoras de endometriose, miomas e adenomiose.
Segundo um estudo publicado no Journal Complementary Therapies in Clinical Practice, a realização de diferentes práticas de ioga durante 4 a 12 semanas diminuiu a dismenorreia (cólicas antes ou durante a menstruação). A pesquisa comparou mulheres que faziam ou não a prática.
Além disso, há evidências de que a ioga pode trazer diversos benefícios para portadoras de endometriose, como diminuição da inflamação, aumento da libido, aumento da qualidade do sono, equilíbrio intestinal, tonificação do assoalho pélvico, diminuição do inchaço, entre outros.
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Como atua a ioga
Através de práticas das diversas técnicas da ioga como posturas físicas (ásanas), respiratórios (pranayamas), meditação e relaxamento, é possível melhorar os sintomas e a qualidade de vida.
Por exemplo, por meio de meditações guiadas voltadas ao relaxamento, com a prescrição de ásanas específicos para liberação do assoalho pélvico, que geralmente é mais contraído devido as dores crônicas, entre outras possiblidades. Ou seja, criar práticas totalmente guiadas a esse público.
A endometriose causa dor e prejuízo à saúde física, emocional e reprodutiva das mulheres e todos que estão ao seu redor. Buscar alternativas para o tratamento é fundamental para reestabelecer o equilíbrio integrando o corpo físico e psicoemocional.
* Bárbara Murayama é ginecologista, especialista em Endoscopia Ginecológica pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) com dois títulos de especialização pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e professora de ioga credenciada pela Yoga Alliance.