A inteligência artificial (IA) tem revolucionado diversas áreas da medicina, incluindo o diagnóstico e tratamento de doenças reumáticas.
A seguir, entenda como essas tecnologias estão mudando a reumatologia e o que isso significa para pacientes e profissionais de saúde.
Introdução às tecnologias inovadoras
A chamada quarta revolução industrial trouxe avanços tecnológicos com siglas e termos com as quais nem todos estão familiarizados. Entre elas:
- Inteligência artificial (IA): Sistemas que simulam a inteligência humana e podem se aprimorar com o tempo.
- Machine learning: Subcampo da IA que usa algoritmos para analisar dados, aprender e fazer previsões.
- Realidade virtual: Criação de ambientes digitais interativos.
- Realidade aumentada: Sobreposição de elementos digitais ao mundo real.
IA na reumatologia
Muitas doenças reumáticas, como a artrite reumatoide e o lúpus, são complexas e desafiadoras. A IA oferece suporte valioso em várias áreas essenciais:
- Melhora da precisão diagnóstica: A IA aumenta a precisão dos diagnósticos, ajudando a identificar padrões e alterações em exames que podem passar despercebidos em avaliações tradicionais.
- Triagem e acompanhamento de enfermidades: Ferramentas de IA são utilizadas para a triagem eficiente de pacientes, monitoramento contínuo de condições crônicas e ajustes nos planos de tratamento com base na evolução de cada um. Um excelente exemplo disso é um estudo de 2023 que explorou o uso de captura de movimento da mão com uma única câmera como um biomarcador digital para a atividade da doença em artrite reumatoide, utilizando visão computacional.
- Decisão terapêutica: A IA analisa grandes volumes de dados clínicos para recomendar as opções de tratamento mais eficazes, personalizando os cuidados de acordo com as características individuais de cada paciente.
Precisão diagnóstica
Um estudo de 2022 mostrou que a IA, por meio de uma análise estruturada batizada de Ada, teve uma precisão diagnóstica de 70%, superior aos 54% dos médicos. Isso destaca o potencial da tecnologia para flagrar doenças.
Atualmente, sistemas computadorizados de suporte à decisão diagnóstica (CDDSSs) podem ser utilizados. Essas ferramentas valiosas podem ajudar os médicos a tomar decisões melhor informadas e oferecer recomendações baseadas em evidências.
Os CDDSSs são empregados em diversas áreas:
- Ferramentas para interpretação de exames de imagem: Sistemas de IA podem analisar radiografias, tomografias e ressonâncias magnéticas para detectar sinais de artrite reumatoide e outras doenças reumáticas. Essas ferramentas conseguem identificar erosões ósseas e inflamações articulares com maior precisão do que a avaliação humana tradicional.
- Análise de grandes volumes de dados: Ferramentas de IA analisam grandes conjuntos de dados laboratoriais para identificar padrões que podem indicar a presença de doenças reumáticas. Isso inclui a análise de marcadores inflamatórios e autoanticorpos que são típicos em condições como estas.
Além disso, a IA utiliza algoritmos avançados para prever como diferentes pacientes responderão a tratamentos específicos, o que melhora a eficácia terapêutica e minimiza efeitos colaterais.
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Conclusão
A integração da IA na reumatologia tem um grande potencial transformador para diagnóstico, tratamento e acompanhamento de doenças reumáticas, melhorando a precisão diagnóstica, agilizando a triagem de pacientes e personalizando decisões terapêuticas.
Entretanto, sua eficácia depende de dados de qualidade e da complexidade da doença. A IA é particularmente eficaz em condições bem estudadas, como artrite reumatoide, espondiloartrites e lúpus, mas enfrenta desafios com doenças mais raras.
A supervisão humana contínua é essencial para garantir a precisão e evitar vieses. Toda tecnologia do tipo deve ser desenvolvida com rigorosos protocolos de proteção de dados e sua interpretação requer conhecimento especializado dos profissionais de saúde. A responsabilidade entre ferramenta e médicos deve ser claramente definida.
* Rodrigo de Oliveira, membro das Comissões de Ensino e Tecnologia da Informação da Sociedade Paulista de Reumatologia (SPR)