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HIV e reprodução assistida: casais podem ter filhos livres do vírus

Evolução do tratamento tem tudo a ver com isso. Médico explica

Por Waldemar Carvalho, ginecologista e obstetra*
15 Maio 2023, 09h06
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A reprodução assistida é uma das opções de pais soropositivos para reduzir as possibilidades de transmissão do vírus ao bebê na gravidez; as técnicas estão cada vez mais avançadas (Foto: Freepik/Divulgação)
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Mesmo após 42 anos do seu surgimento, o estigma envolvendo o HIV persiste. Porém, é importante compreender que ser soropositivo para HIV não é o mesmo que ter Aids.

HIV é uma IST, ou seja, uma infecção sexualmente transmissível. Já a AIDS é o estágio mais avançado da infecção pelo HIV – é a síndrome da imunodeficiência adquirida.

No mundo, 39 milhões de pessoas têm HIV e, no Brasil, um milhão de pessoas convivem com o diagnóstico, segundo dados do Ministério da Saúde.

Embora sem cura, a doença tem tratamento.

A chamada terapia antirretroviral (TARV) evoluiu tanto que, hoje, o paciente pode ter uma vida saudável, inclusive com a possibilidade de gerar um filho sem HIV.

+ Leia também: Promessa de vacina e medicamentos injetáveis marcam os 40 anos do HIV

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Para isso, casais sorodiscordantes (quando um é portador do vírus HIV e o outro, não) devem ter vários cuidados, afinal, o importante é pensar na saúde da criança.

Entre as opções para reduzir as possibilidades de transmissão na gravidez, está a reprodução assistida, com técnicas cada vez mais avançadas.

Em 2006, o Instituto Ideia Fértil de Saúde Reprodutiva foi o primeiro centro de reprodução humana da América Latina a fazer a lavagem do sêmen, por exemplo.

Na técnica, faz-se a lavagem do sêmen no laboratório, minimizando o risco de transmissão do vírus para a mulher (no caso de ser soronegativa) e dela para o feto, por meio da técnica de fertilização in vitro (FIV) ou inseminação artificial.

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Esses métodos prevalecem até hoje no centro de reprodução.

Em 2006, iniciou-se o uso das terapias de antirretrovirais específicas, também chamada de profilaxia pré-exposição.

Ou seja, casais passam por uma avaliação dos infectologistas, a fim de identificar o risco de um transmitir HIV para o outro. Assim, recomendam o uso do antirretroviral antes da relação, com grande eficácia observada.

Para ter ideia, um estudo publicado em abril na revista JAMA Network Open apontou que em torno de 15% a 40% das grávidas ou lactantes com HIV terão um filho com HIV.

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No entanto, o risco de transmissão perinatal e pós-parto é inferior a 2% quando o tratamento é realizado desde o início da gravidez.

Nesse estudo, liderado por pesquisadores da Johns Hopkins e Brigham and Women’s Hospital, nos Estados Unidos, mais uma evidência da eficácia desses medicamentos, mostrando que existe uma forma de prevenir que os bebês herdem a infecção.

+ Leia também: Congelamento de óvulos: tudo que você precisa saber sobre o assunto

Isso é fundamental para o futuro da criança, pois a doença ataca o sistema imunológico, deixa o indivíduo fragilizado e pode evoluir para o quadro de AIDS.

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Considerando todos os riscos ligados à doença, percebe-se o motivo da obrigatoriedade do rastreamento de HIV em todo o pré-natal.

Além disso, é importante que a mãe soropositiva não amamente o bebê logo após o nascimento, e que ele receba uma dose preventiva de antirretroviral.

*Waldemar Carvalho é ginecologista e obstetra especializado em reprodução humana pela Portland Fertility Center, de Londres, Inglaterra e vice-diretor clínico e coordenador do CRASE – Centro de Reprodução Assistida em Situações Especiais do Instituto Ideia Fértil de Saúde Reprodutiva

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