Má alimentação, sobrepeso, sedentarismo e doenças crônicas como o diabetes são os principais fatores por trás do acúmulo de gordura no fígado. Esse fenômeno pode prejudicar o bom funcionamento do órgão, que é responsável por funções vitais como desintoxicação do corpo, produção de energia e síntese de proteínas.
A presença de gordura em excesso nas células hepáticas leva a uma sobrecarga e a uma inflamação, que, com o tempo, provocam lesões e cicatrizes no fígado (as fibroses) e, eventualmente, cirrose, quando o órgão perde a capacidade de funcionar.
Atualmente, a esteatose hepática não alcoólica, o nome oficial do quadro, é um problema de saúde pública. E o que muita gente não sabe é que tem sido responsável por um crescente número de transplantes de fígado no Brasil.
Estima-se que ela atinja até 18% dos brasileiros e 30% da população global. Os números estão diretamente ligados ao aumento nos casos de obesidade, diabetes e outras enfermidades relacionadas a dietas inadequadas e ao sedentarismo.
A doença no fígado é silenciosa e, frequentemente, o diagnóstico é incidental, constatado através de exames laboratoriais e ultrassonografias de rotina. Essa é uma das razões pelas quais a esteatose costuma ser identificada em estágios mais avançados, sendo que, em alguns casos, ela leva ao câncer de fígado e só pode ser resolvida com um transplante.
Apesar de não ter sintomas aparentes nas fases mais iniciais, existem pistas do problema. É o caso da circunferência abdominal. Quando a medida da cintura ultrapassa 88 centímetros nas mulheres e 102 nos homens, temos um sinal de atenção que pode ajudar no diagnóstico.
A prevenção do acúmulo de gordura no fígado envolve mudanças de hábito e exames de rotina. Além da prática regular de exercícios, recomendamos moderar ou evitar alimentos com carboidratos refinados, gorduras saturadas e bebidas alcoólicas e priorizar frutas, verduras, carnes magras e alimentos integrais − atitudes que auxiliam até mesmo na reversão do quadro.
Não se deve negligenciar a esteatose hepática. Falamos de um problema que, além de sobrecarregar um órgão essencial, pode culminar em situações só resolvidas com um transplante.
* Anderson Brito é hepatologista e especialista em transplantes hepáticos do Hospital Adventista Silvestre, no Rio de Janeiro; Fernando Montenegro é gerente médico da instituição