Esofagite: as causas, os sintomas e as novidades no tratamento
Presença de refluxo costuma levar à condição, caracterizada por uma inflamação no esôfago
Esofagite é uma das doenças mais frequentes do tubo digestivo, afetando milhões de pessoas.
Trata-se de uma inflamação do esôfago que ocorre principalmente em resposta à doença do refluxo – esta acomete, no Brasil, mais de 40% da população.
No refluxo, o conteúdo do estômago (ácido e alimentar) retorna para o esôfago, causando lesões em sua mucosa.
Há ainda outras formas de esofagites, como eosinofílica, medicamentosa e por infecções.
Os sintomas da esofagite
As principais queixas são azia, dor no peito, dificuldade para engolir, rouquidão, gosto amargo na boca e mau hálito.
Também podem ocorrer alterações dentárias, tosse crônica e falta de ar.
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A principal causa da esofagite é a doença do refluxo, que, por sua vez, está associada a fatores anatômicos (como a hérnia de hiato), sobrepeso e obesidade, exercícios físicos vigorosos, tabagismo e consumo de alguns alimentos e bebidas alcoólicas.
O diagnóstico inicial é feito com base na história clínica e exame físico.
A endoscopia digestiva auxilia a identificar lesões esofágicas e complicações causadas pelo refluxo.
Inclusive, quando a principal hipótese for o refluxo, exames de pHmetria esofágica de alta resolução e manometria esofágica contribuem para fechar o quadro.
Como é o tratamento
Toda esofagite deve ser tratada – e há cura na maior parte dos casos.
Os principais objetivos do tratamento são: controle dos sinais e sintomas, cicatrização de lesões, prevenção de complicações e melhora da qualidade de vida.
O uso de remédios do tipo inibidores da bomba de prótons (os mais conhecidos são omeprazol e o pantoprazol) em associação a medicações procinéticas (que melhoram o esvaziamento gástrico) é a estratégia mais utilizada.
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Em pacientes com sobrepeso ou obesidade, a perda de peso contribui para o controle da esofagite.
Algumas modificações alimentares são bem-vindas, entre elas evitar ou reduzir o consumo de chás, café, chocolate, molhos vermelhos, bebidas gasosas e alcoólicas, itens ricos em gorduras e condimentados.
Tratamentos endoscópicos ou cirúrgicos podem ser indicados em pacientes que não respondem a medicamentos e a medidas comportamentais – ou na presença de alterações anatômicas na função do esfíncter.
Muitos pacientes também não desejam utilizar medicações contínuas por longo prazo.
Um novo jeito de tratar o refluxo
A fundoplicatura endoscópica é uma nova forma de tratamento do refluxo aprovada no Brasil.
Essa válvula antirefluxo é confeccionada por via endoscópica, e atua como uma barreira contra o retorno do conteúdo gástrico para o esôfago, e o melhor: sem cortes na pele.
O paciente tem alta cerca de oito horas após o procedimento, e a melhora clínica ocorre em mais de 95% dos casos.
Já a fundoplicatura cirúrgica para o tratamento da doença do refluxo pode ser realizada por via laparoscópica ou robótica, e envolve pequenos cortes na pele, na região do abdômen.
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Dá para evitar a esofagite?
Sim, e esse ponto é superimportante.
Um estilo de vida mais saudável está ligado à prevenção do surgimento da doença do refluxo, ou pelo menos a um melhor controle do quadro.
Manter uma dieta equilibrada, restringindo o consumo de certos alimentos que predispõe ao refluxo, são medidas essenciais.
Tabagismo e consumo excessivo de bebidas alcoólicas devem ser revistos.
O cigarro eletrônico também está associado ao refluxo e a uma maior dificuldade no tratamento da condição.
O diagnóstico e os cuidados diante da esofagite devem ser orientados pelo médico e por uma equipe multidisciplinar.
*Thiago F. de Souza é cirurgião, especialista em endoscopia digestiva diagnóstica e terapêutica do Instituto EndoVitta e professor afiliado da Faculdade de Medicina do ABC