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Efeito sanfona: por que ele acontece e os riscos para a saúde mental

Nutricionista examina o que a literatura científica atual tem a dizer sobre o vai e vem entre perda e ganho de peso

Por Renata Cabral, nutricionista*
4 nov 2022, 10h16
foto de bexiga com um cinto apertando no meio
Restrição alimentar severa é insustentável e ainda favorece o efeito sanfona.  (Foto: Veja Saúde/SAÚDE é Vital)
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O efeito sanfona faz parte da rotina de muitas pessoas que tentam emagrecer. Mas, afinal de contas, o vai e vem do peso é um processo normal ou algo que até pode prejudicar a saúde?

Primeiro, vamos entender por que isso acontece. Toda vez que existe a decisão de emagrecer, em geral se busca uma dieta diferente capaz de resolver o problema definitivamente. O problema é que todas essas dietas costumam estar atreladas a algum tipo de restrição alimentar, seja pela redução de calorias em si, seja pela exclusão de um ou mais tipos de alimentos.

Mas nenhuma restrição dessa magnitude consegue ser mantida para sempre. Em algum momento, antes ou depois de atingir o resultado desejado, os alimentos ou o saldo calórico dos tempos pré-dieta voltam a fazer parte do cotidiano. E é assim que o reganho de peso se torna inevitável.

Quando o antigo peso volta, uma nova dieta começa e esse ciclo é perpetuado. Eis o que chamamos de efeito sanfona.

+ LEIA TAMBÉM: Corrida ou musculação, o que ajuda mais a emagrecer?

Tudo isso ocorre porque o comportamento alimentar, o motivo pelo qual se come o que se come, não muda. E, se não há mudança no comportamento, os velhos hábitos sempre estarão comandando as atitudes.

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Com o crescimento da obesidade pelo mundo, diversos estudos têm se debruçado sobre aspectos como perda e ganho de peso, composição corporal, comportamento alimentar e doenças relacionadas a esse processo. Chama a atenção que essas pesquisas vêm demonstrando que esse círculo vicioso não é só prejudicial à saúde física mas também à mental.

Um estudo publicado em 2016 acompanhou os participantes do programa americano de TV The Biggest Loser (O Grande Perdedor) ao longo de seis anos após o término do reality show. Todos os participantes ganharam o peso perdido ao longo do período! Mas o que teve maior destaque, na visão dos cientistas, foi a adaptação do metabolismo dessas pessoas. O organismo delas reduziu o gasto calórico diário e a velocidade da perda de peso e gordura. Com o tempo, e as mudanças na rotina, os quilos retornaram.

Isso acontece porque todas as vezes que há emagrecimento rápido, baseado em restrição, não há perda apenas de gordura, mas também de massa muscular. E, quase sempre, o efeito sanfona dá as caras, sendo que o reganho de peso ocorre apenas na forma de gordura. Com menos massa muscular, o metabolismo fica mais lento e o corpo passa a acumular energia em forma de gordura.

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Essa situação impacta a saúde mental. Um estudo realizado em 2020 nos Estados Unidos concluiu que as pessoas que passaram por pelo menos três ciclos de perda e ganho de peso apresentavam maiores níveis de sintomas de depressão. Uma evidência de que o efeito sanfona pesa diretamente no bem-estar emocional.

“Ciclos de perda de peso repetidos podem levar as pessoas a se sentirem fracassadas com o controle do peso e também as deixam mais aptas a internalizarem negativamente crenças relativas às suas capacidades e ao próprio corpo”, escreve um dos autores do trabalho.

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A melhor forma de perder peso com saúde, mudando o corpo e a qualidade de vida, é olhar para os seus hábitos, revendo e transformando aos poucos os comportamentos. Enquanto a busca por soluções imediatistas for incessante, o organismo vai sofrer com o efeito sanfona e a insatisfação pessoal será recorrente.

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* Renata Cabral é nutricionista e coach na área de bem-estar e estilo de vida

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