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E se não existissem medicamentos isentos de prescrição?

Consultor reflete sobre o papel dos remédios que não exigem receita no sistema de saúde e o que deve ser feito para que seu uso seja cada vez mais adequado

Por Cesar Bentim*
18 dez 2019, 12h09
remédio sem prescrição
Cerca de 30% do mercado de remédios no país é ocupado pelos MIPs, medicamentos isentos de prescrição. (Foto: GI/Getty Images)
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Nas farmácias de todo o país encontramos remédios que são vendidos sob prescrição médica, com tarja vermelha e preta, assim como temos acesso aos MIPs, os medicamentos isentos de prescrição. Recorremos a eles quando encaramos um mal-estar passageiro, por exemplo. Em geral, estão disponíveis nas prateleiras ou próximos aos caixas das drogarias.

Mas e se 100% dos medicamentos passassem a ser vendidos apenas mediante apresentação da receita médica? Quais as perdas e os ganhos para a sociedade? Isso seria viável?

É importante ter em mente que, segundo pesquisas, os MIPs representam cerca de 30% das unidades vendidas do total de remédios no Brasil. E uma pequena parcela do receituário médico abrange produtos dessa categoria. Aliás os próprios médicos sabem exatamente a utilidade terapêutica que os MIPs possuem — não à toa os prescrevem.

Com esse cenário, vamos imaginar o que aconteceria se você simplesmente não pudesse mais adquirir medicamentos para dor, febre, resfriado ou problemas digestivos, só para ficar em alguns exemplos.

Como seria um mundo sem MIPs?

Marcar uma consulta? Ir ao posto de saúde? Ou ir a uma emergência para ser atendido com maior brevidade? Qualquer que seja a opção, claramente ela trará mais pressão ao sistema de saúde. Isso significa médicos ainda mais ocupados (será que isso é possível?), filas maiores, mais espera para os pacientes etc.

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É fácil visualizar que os MIPs atendem a uma necessidade de nossa sociedade. E abrir mão deles se mostraria  inviável do ponto de vista prático.

Mas, ainda assim, por estarmos falando de medicamentos, não podemos tratá-los como um produto de consumo sem consequências. Esses potenciais benefícios ao sistema de saúde não vêm sem esforço. É necessário construir um ambiente organizado e consciente.

Dentro dessa proposta, devemos ajudar o consumidor a entender mais sobre a sua própria saúde. Aumentar a literacia em saúde, que é a capacidade da pessoa acessar, compreender, avaliar e aplicar informações no cuidado e prevenção em saúde, é fundamental.

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Em segundo lugar, a comunicação das marcas deve estar comprometida com a informação precisa ao consumidor, facilitando o entendimento dos limites dos benefícios e esclarecendo quando é hora de procurar o médico.

Em terceiro e não menos importante, cabe entender e valorizar o papel do farmacêutico nesse processo. Os medicamentos isentos de prescrição são vendidos exclusivamente em farmácias. Como elas mantêm farmacêuticos em suas lojas, aumentam as chances de uma experiência de compra e consumo adequada.

Longe de esgotar o tema, entendo que se faz necessária a união de diversos atores desse segmento — indústria, farmácias, profissionais de saúde e comunicação e entidades de classe — para garantir que os benefícios que os MIPs trazem ao nosso pais sejam capturados em sua plenitude.

* Cesar Bentim é publicitário e profissional de marketing, consultor e empreendedor com mais de 25 anos de atuação no segmento farmacêutico

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