A pandemia de Covid-19 chegou ao Brasil em março de 2020. Num cenário de temor causado por um vírus até então pouco conhecido, o isolamento social usado para conter a disseminação da doença acabou fazendo disparar os casos de violência doméstica no país.
Estima-se que uma em cada quatro mulheres foi vítima de violência no Brasil em 2020, segundo dados do Datafolha. Traduzindo para números mais claros, cerca de 17 milhões de brasileiras teriam sofrido agressão, a maioria dentro de sua própria casa. São casos de violência psicológica, sexual ou física.
Muitas das mulheres que sofrem esse tipo de agressão estão com dificuldades de sair de um relacionamento abusivo. Elas enfrentam a chamada síndrome do desamparo aprendido. Acreditam que jamais poderão viver sem o companheiro e acabam normalizando a violência psicológica. Fora isso, tentam constantemente justificar as atitudes grosseiras do cônjuge ou namorado.
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Ainda que as agressões físicas não tenham ocorrido, essas mulheres precisam se proteger de todo e qualquer indício de violência verbal ou psíquica, não raro o primeiro passo antes da violência física em si. Destaco abaixo cinco sinais ou situações associados a relacionamentos abusivos:
- Possessão e ciúmes exagerados
- Críticas constantes e agressivas
- Tornar a mulher dependente dos recursos financeiros do parceiro
- Invasão de privacidade
- Síndrome do desamparo aprendido
Para romper com o ciclo do relacionamento abusivo, é preciso que a vítima consiga superar certos padrões de comportamento que a tornam refém do companheiro. Um deles é denominado positividade tóxica e consiste em negar sentimentos e emoções desconfortáveis — sensações que virão à tona de qualquer maneira, inclusive como doenças psíquicas ou físicas.
Outro padrão recorrente que faz a mulher permanecer em uma relação tóxica é o pacto de fidelidade familiar. Esse comportamento é adotado por mulheres que sempre viram a mãe ou outras mulheres da família sendo vítimas de relacionamentos abusivos e tendem a normalizar comportamentos tóxicos por parte dos parceiros.
Reconhecer os sinais de uma relação com esses traços negativos é o primeiro passo para prevenir episódios de violência contra a mulher, infelizmente ainda tão comuns no país.
* Marinalva Callegario é psicóloga e autora do livro Amor Próprio